sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Expedição Atacama

Meu grande amigo Rodrigo Segóvia, que até nem consigo chamá-lo só de amigo mas de irmão, decidiu juntamente com seu amigo Jones sair em expedição pelas Américas, em direção ao Oceano Pacífico, até Viña del Mar e posteriormente ao Deserto do Atacama. No seu primeiro dia, dia 26 de dezembro de 2012, saiu de Jaguaráo a Cardona e foram 627 km rodados passando por Rio Branco, Mello, Villa Ansina, Tacuarembò, Passo de Los Toros, Durazno, Trinidad Flores e Cardona. Amigos em sua rede social brincam dizendo que ele era pé frio pois da outra vez que saiu em expedição pelo Chile foi o terremoto agora é vulcão, achando que o chile tem algo contra ele. Ele responde, sempre com bom humor, que o Chile ta de alerta vermelho e a Argentina de alerta laranja por causa do tal vulcão, torcendo que não os trancassem na cordilheira, mas ja havia visto um atalho para entrar no Atacama. Brincadeiras a parte agradecemos o apoio da ASM revenda Yamaha, Bagé, Js Motos E Carros, Pelotas, Jornal Fronteira Meridional, CAPRICHO comunicação Visual, POSTO MB Shell, Supermercado POVÃO, Hotel RIO'S e RG Moto Peças, Jaguarão.

Roteiro - Expedição Deserto do Atacama



Mantendo a essência deste grande amigo, segue seu relato original conforme enviado por e-mail de suas várias etapas:



Expedição Deserto do AtacamaParte 1

-Dia 26 de dezembro os motociclistas Jones com sua Honda Falcon 400 cil. pertencente ao motogrupo Solitários do Asfalto de Pelotas e Rodrigo Segovia do PAPA KM Motogrupo de Jaguarão, com a Yamaha Factor 125 cil. partiram rumo ao Pacífico tendo como objetivo principal atravessarem o Deserto do Atacama.

            No primeiro dia tivemos como primeira fronteira burocrática a aduana Uruguaya visto que ao passar a ponte internacional Mauá já estavamos no país visinho Uruguay, fizemos os transmites aduaneiros, passaporte carimbado, seguimos por Mello, Villa Ansina, Tacuarembó, terra do sempre lembrável Carlos Gardel, seguimos para Passo de Los Toros, Durazno, Trinidad Flores e ao cair da tarde já estavam em Cardona para logo mais pernoitarem na sede do moto grupo Vengadores Del Asfalto na cidade de Santa Catalina pertencente ao departamento de Soriano.A média da factor foi de 30,2 km/litro e da falcon 23 km/litro.
A recepção foi impecável, churrasco, cerveza e um bom bate papo e sono afinal tínhamos rodado 610 km neste dia. Acordamos sedo e seguimos para a próxima fronteira desta vez foi na cidade de Fray Bentos, entramos na Argentina, logo em seguida aproveitamos para abastecer em Gualeguaychu dando continuidade até a cidade de Rosário onde fomos recebidos pela motociclista Magi, impressionante o que aconteceu e vivenciamos, esta motociclista nos da à chave de seu apartamento no centro de Rosário e segue trabalhando, nunca tinha nos visto, entretanto aqueles que saem e viajam sabem o quanto se faz necessário receber e ser recebido durante um percurso destes, poderia escrever sobre ser motociclista ou fazer moto turismo mas deixarei para uma possível publicação de um livro, risos.
Passamos super bem com nossa nova irmã motociclista e os integrantes do moto grupo Arriegos de Rosário Argentina,visitamos o memorial sobre Ernesto Che Guevara, fotografamos alguns pontos turísticos e no próximo dia seguimos para Bell Ville, onde estávamos ansiosos para conhecer os integrantes do moto grupo Piratas de La Posta Motor Group, responsáveis por organizarem campanhas sociais em vários departamentos da Argentina e o moto encontro no mês de junho. A recepção foi impecável novamente, tivemos a oportunidade de irmos a um pub e conhecermos as músicas do famoso Cuarteto (músicas que fazem o maior sucesso).
Próximo percurso foi bastante longo afinal queríamos pernoitar em La Paz cidade próxima de Mendoza, onde já conheço o camping, lindo lugar com ótima infra-estrutura incluindo piscina e restaurante, neste dia percorremos 547 km, o sol estava muito forte principalmente nas retas intermináveis de San Luis, resolvi tirar as luvas para entrar algum vento pelas mangas da jaqueta de couro, o resultado foi uma grande queimação nas mãos, risos. Na Argentina a gasolina é mais barata e as motos fazem melhor consumo.
Estamos a poucos kilometros de Mendoza e da pré cordilheira, na próxima matéria estaremos compartilhando a experiência de estar na cordilheira dos Andes visitando a famosa Puente Del Inca o Aconcagua, a famosa estrada de Los Caracoles e a chegada ao Oceano Pacífico, Chile.
Agradeço aos patrocinadores: Jornal Fronteira Meridional e Gráfica Capricho, Posto MB “Shell”, RG moto peças, Supermercado Povão, Hotel Riu’s, Lojas ASM motos Yamaha de Bagé e JS motos e carros de Pelotas.


Expedição Deserto do Atacama - Parte 2

            Chegamos à Cordilheira doa Andes, a paisagem muda radicalmente comparando ao que vivenciamos até o momento, chegamos ao Monumento Natural Puente Del Inca, tiramos algumas fotos, conhecemos dois motociclistas argentinos que estavam indo para Viña Del Mar, os mesmos seguiram viagem conosco, chegamos ao Aconcagua, encontramos motociclistas de diversas regiões da Argentina e muitos brasileiros, percorremos o parque por algumas horas, tiramos algumas fotos e prosseguimos.
Ao sairmos do Parque Provincial Aconcagua, ou seja, estávamos no ponto mais alto das Américas, do Hemisfério Sul, o monte Aconcagua possui 6 960,8 metros de altitude, esta localizado nos Andes argentinos, a cerca de 112 km da cidade de Mendoza. O passeio foi esplendido e tivemos a oportunidade de conhecermos motociclistas Argentinos e brasileiros do estado do Paraná/Brasil. Seguimos caminho com nossos dois novos companheiros argentinos (batata e Franco).
Chegamos a Aduana que faz os transmites fronteiriços entre Argentina e Chile, Passo Los Libertadores, já sabendo que essa fronteira é demorada e as inspeções são minuciosas, entramos, pegamos toda papelada para preencher e logo após fomos comer nossas lindas frutas. Risos. Logo após entramos na fila para vistoria, meus transmites foram rápidos visto que já tinha trocado uma idéia com os policias enquanto jogava o lixo no basureiro, quando meus companheiros de viagem chegaram foi aquela revista, olha daqui, tira coisas dos alforjes, documentos e tal, não sei porque mas desta vez dei sorte.Documentação pronta, parada para efetuar cambio, visto que teremos pedágio para pagar até chegar em Viña Del Mar/Pacífico, tiramos algumas fotos na placa que da as boas vindas no Chile e seguimos visto que ainda tínhamos que descer a cordilheira pelo famoso Los Caracoles.Já tendo ficado em outra ocasião em um camping ao meio da cordilheira, pernoitamos mais uma vez no clube de esqui Monval de Val Paraiso, desta vez meu amigo não trabalhava mais no referido clube ( antigo funcionário que me recebeu em outra expedição), acampamos, preparamos nossa janta, muita história sobre o que tínhamos vivenciado até o momento.Dormir nesse camping é realmente impressionante, o quanto nos sentimos pequenos em meio a natureza, estávamos cercados de grandes montanhas na cordilheira, a visão foi esplêndida. Acordamos por volta das 8 horas, aproveitei para trocar o óleo do motor da Factor afinal já estava com quase 3.000 km rodados, o Batata (Argentino) resolveu o problema elétrico de sua Honda 200 cil e o Jones esticou a correia da Falcon, café tomado, hora de seguir em direção ao Pacífico, chegamos a cidade de Los Andes, efetuamos o restante do cambio, abastecemos as quatro motos e seguimos, falando em cambio é bom comentar que no Chile os pessos possuem muitos zeros então sempre é bom fazer os cálculos na hora de pagar e prestar atenção na moeda, pagar um pedágio para moto custa entorno de 200, 550 ou até 1.200 pesos, não existe um valor fixo do pedágio. Paramos próximos da estrada para comprarmos algumas frutas, a cor e a qualidade das frutas chilenas são de deslumbrar, inclusive saborosas, seguimos até Viña Del Mar, ao chegarmos foi aquela festa avistar o Pacífico, a cidade estava um caos, imagine dia 31 de dezembro véspera de ano novo, aconteceria a maior queima de fogos da história do mundo, estava previsto entrar para o Guines Boock (livro dos recordes), carros de todas as marcas, muitos carros, milhares de carros, risos, e alguns motociclistas circulando pela orla da praia inclusive nós perdidos e achados, risos. Tive a sorte de pedir informação para a pessoa certa, um jovem que vinha de motocicleta, Percy Rojas, pois bem esse rapaz nos leva a uma central telefônica, liga para o contato que eu tinha do camping e nos diz, o camping é do outro lado da cidade, me sigam, la vamos nós com nosso guia, sobe, desse, praia e mais praia, finalmente estávamos no caminho certo e nossos amigos argentinos perdidos para o outro lado oposto visto que durante o percurso nos separamos devido ao grande fluxo de veículos. Percy prepara um mapa indicando o caminho do camping e nós continuamos, chegamos ao camping, o lugar é lindo, página do camping: www.ranchocasanova.cl, uma ótima infra-estrutura e turistas de toda parte, franceses, americanos, argentinos, chilenos, brasileiros, foi uma troca de conhecimento e experiência de todo tipo e para minha sorte ninguém falou em futebol, visto que não sou adepto ao esporte, risos.Montamos nossas barracas, em seguida chegaram os dois amigos argentinos, os quatro mosqueteiros estavam juntos novamente, em seguida chega Percy, ou como nós falamos nosso novo irmão motociclista, o rapaz buscou um celular para nos deixar, assim se precisássemos de qualquer coisa estaríamos em contato com ele. Agradecemos, pois no outro dia teríamos que seguir viagem, este era recém os primeiros poucos mil kilometros percorridos e o deserto estava ainda distante, exatamente as 00:00hs iniciou a queima de fogos, parecia uma explosão,em toda orla queimava-se fogos de artifício, lindo de mais.Ao amanhecer tínhamos que partir, Jones trocou o óleo do motor da falcon, nos despedimos dos que estavam acordados e seguimos, nosso próximo contato era em La Serena, cidade do próximo pernoite, ficava a 440 km de onde estávamos, à estrada é linda e deserta, afinal a maioria das pessoas estavam dormindo devido as festas da virada de ano, chegamos a La Serena, demos a maior sorte de conseguirmos ligar de um telefone residencial da estação de serviço, (posto de combustível) enquanto abastecíamos,visto que não tinha cartão de telefone público para vender tão pouco locutório (cabine telefônica), entretanto, nosso contato não estava em La Serena, conversamos muito com um caminhoneiro aposentado que fazia percurso para São Paulo, o mesmo nos contou o quanto era apaixonado pelo Brasil e o quanto foi sempre bem tratado quando esteve no Brasil. Na verdade todos que falamos adoram o Brasil, mas voltando a nosso contato, não tínhamos mais onde dormir e o final da tarde chegava, já havíamos passado dos campings que existiam e La Serena era muito grande, nossa técnica é de procurar locais pequenos ou médios, são mais seguros e acreditamos que a população é sempre mais acolhedora que nas capitais ou cidades metropolitanas, pode ser um tabu, afinal sempre nos trataram bem, abastecemos e seguimos viagem. Andamos alguns kilometros e encontramos uma pequena cidade a beira do Oceano Pacífico e já próxima ao Deserto do Atacama, resolvemos entrar para procurarmos um mercado, enquanto comprávamos suprimentos alimentícios chegou um rapaz com a família e amigos, o mesmo era de Santiago e já havia morado no Rio de Janeiro alguns anos, nosso novo anfitrião foi esplêndido, nos guiou até a parte da praia, Caleta Hornos, onde acampamos junto com algumas famílias que ai estavam, esta praia é tranqüila, segura e esta localizada entre o pacifico e o Atacama.Passamos a noite no Pacífico, esperava ver um céu coberto de estrelas mas a maresia que levanta durante a noite não tornou possível, esta noite escutávamos somente o som do mar e por volta das 6:00hs já estávamos desmontando acampamento visto que por volta das 5:00 já esta amanhecendo.Nos próximos relatos estaremos percorrendo o Deserto do Atacama, vivenciando um acidente em meio ao nada, buscando o local ideal pra pernoitarmos, percorrendo em meio ao Atacama, conhecendo Belgas e Alemães.

Agradeço aos patrocinadores: Jornal Fronteira Meridional e Gráfica Capricho, Posto MB “Shell”, RG moto peças, Supermercado Povão, Hotel Riu’s, Lojas ASM motos Yamaha de Bagé e JS motos e carros de Pelotas.


Expedição Deserto do Atacama- Parte 3

Acordamos cedo e partimos de Caleta Hornos, tiramos algumas fotos, retornamos ao supermercado, compramos provisões para o café e para o almoço visto que pretendíamos rodar até a cidade de La Serena onde tínhamos um contato já pré estabelecido com um amigo do profº Carlos Rizon (UNIPAMPA, Campi Jaguarão), conforme andávamos em meio ao deserto encontramos a placa que indicava ATACAMA, certamente paramos para registrar tal acontecimento afinal estávamos iniciando nossa jornada de conhecermos o Deserto do Atacama.
Chegamos a La Serena, a cidade é bastante grande, paramos para abaster e procurar um cartão de telefone público ou um locutório (cabine telefônica), não conseguimos nem cartão tão pouco cabine telefônica, fui logo falando com uma senhora, perguntando por telefone e sobre o amigo que tínhamos e que iria nos receber, em seguida chegou o esposo dessa senhora que tinha sido caminhoneiro e conhecia o Brasil, nos falou que sempre foi muito bem tratado no Brasil, em que poderia nos ajudar e tal, conseguimos utilizar o telefone do setor administrativo do posto de combustível, infelizmente nosso contato não se encontrava em La Serena.
Olhamos o mapa novamente, abastecemos por segurança e seguimos, nosso próximo destino seria a reserva natural de Pan de Azucar, já estava findando o dia, entramos em meio ao deserto uns 19 km, a paisagem é linda hora se enxerga o pacifico e diversas praias, em outros momentos somente a estrada de chão batido e o deserto do atacama. Ao chegarmos à reserva fomos recepcionados por um motociclista da Bélgica que está rodando pela America do sul com sua esposa, as motos utilizadas são duas xt 600 yamaha produzidas na Bélgica.
Fizemos nossa entrada, pagamos o valor de entrada no parque, montamos nossas barracas em um quiosque e fomos para o vilarejo mais próximo de pescadores para jantarmos, esta noite provamos carbonada de marisco e peixe frito com saladas e uma copita de vino Blanco para acompanhar.
Finalmente conseguimos ver o céu mais estrelado do mundo, risos, afinal estávamos em meio ao deserto sem iluminação elétrica, a única iluminação que temos é com placas solares e serve para esquentar a água dos chuveiros durante o dia. O lugar onde acampamos é realmente lindo.
Acordamos cedo, aprontamos nossas mochilas nas motos e seguimos pelo deserto, entramos novamente na Ruta Trans Americana tendo como próximo destino Antofagasta, após alguns kilometros paramos para tomarmos um cafe em um dos estacionamentos que existem para caminhões, ônibus, carros, motos, para todo tipo de turista, importante ressaltar que nesta região a estrada é de ótima qualidade, não temos pedágios e são vários os locais de parada para descanso, incluindo banheiros, chuveiros e plantonista da área da saúde.
 Em seguida continuamos, não rodamos muito e logo nos depararmos com muitos carros e caminhões parados, achávamos que era alguma operação policial mas não era, estávamos em meio ao nada, ou seja, no deserto, e la estava um carro virado, com as quatro rodas para cima, um senhor estirado no chão tentando levantar sem conseguir e as outras pessoas em volta, rapidamente perguntei e tinham chamado socorro, não existia sinal de telefonia e os carros não possuíam radio amador então pegamos as motos e seguimos em frente, ao avistarmos um dos locais de socorro, “muretas com sinal sonoro, conectadas a postos policiais”, meu colega Jonas tocou o sinal e seguimos.
            Em seguida encontramos a tão famosa placa que indica a estatua da mão no deserto, parada obrigatória, pois este monumento é reconhecido mundialmente como o cartão postal do Atacama. Entramos novamente em uma estrada de chão, tiramos algumas fotos e prosseguimos até o trevo de entrada para Antofagasta,aproveitamos para almoçar em uma das casas que serve comida caseira a beira da estrada.
            Como ainda estava cedo, mais ou menos 16hs e o sol se põem posterior 20hs prosseguimos para Calama, faltava em torno de 170 km, já estávamos bem perto, confiantes de chagarmos ainda antes do anoitecer para procurarmos local para dormir entramos em um dos tantos canteiros de obras que existem no deserto e terminamos saindo para o lado oposto, a estrada nos levaria a Calama também mas por ai é uma estrada que leva para as minas.Rodamos 30 kilometros, minha moto andava a 100/110 kilometros, estava contente e os poucos kilometros seriam rápidos, mas alguma coisa estava errada visto que o vento aumentava e os carros que vinham sentido oposto davam sinal de luz.
            Resumindo, estava acontecendo uma tempestade de areia em meio ao deserto, em seguida parou uma das caminhonetes de uma mineradora e nos mandou voltar que era muito perigoso pela visibilidade, mas que o grande problema seria a quantidade de areia que iríamos respirar durante a tempestade, retornamos a 10/20 kilometros por hora até o posto de combustível anterior, passavam algumas caminhonetes que enxergávamos somente o local do limpador de pára-brisa demais era tudo areia fininha colada a lata dos veículos.
Abastecemos novamente, passamos por entre um dos depósitos de container que está sendo construído e seguimos para Calama, fotografamos algumas ruínas de 1915, e prosseguimos, o final da tarde iniciava, sentíamos o frio do deserto entrar aos poucos pela roupa, depois de muito calor,sentíamos pela primeira vez o frio quase noturno, tirei algumas fotos durante o deslocamento, onde ao visualizar vimos o quanto torna lindo o final de tarde, com o vento e a areia no ar, as cores são muitas tornando as fotos lindas.
Chegamos a Calama já na entrada da noite, enquanto pilotava a guerreira factor 125 cilindradas pensava em quais possíveis locais para dormir visto que a cidade é bastante grande e sermos adeptos ao campismo. Na entrada da cidade avistamos um posto policial dos Carabineiros, paramos, logo já fui falar com os policiais, expliquei sobre a viagem, que não gostaríamos de continuar rodando durante a noite pela segurança e porque estávamos cansados, um dos policiais praticava capoeira e adorava o Brasil, que novidade, risos.
Após muita conversa e histórias contadas, nos ofereceram o posto policial para acamparmos e passarmos a noite, prontamente aceitei e fui comentar com meu amigo Jones, montamos nossas barracas, fui até uma fábrica de explosivos que existia próximo de nosso local de pernoite, aquecemos uma água quente, tomamos um mate, comemos algumas bolachas e tomamos um café visto que não tínhamos e nem carregávamos mais nada na moto e a cidade ainda estava a alguns kilometros para frente. A noite foi tranqüila de muito sono.
Na próxima matéria estaremos conhecendo o Valle de La Luna, San Pedro de Atacama, tendo problemas na moto pela altitude, a fronteira Chile/Argentina, pernoite em comunidade indígena e muitas aventuras.
Agradeço aos patrocinadores: Jornal Fronteira Meridional e Gráfica Capricho, Posto MB “Shell”, RG moto peças, Supermercado Povão, Hotel Rio’s, Lojas ASM motos Yamaha de Bagé e JS motos e carros de Pelotas.


Expedição Deserto do Atacama. - Parte 4

            Estávamos em Calama, dormimos bem e acordamos com o apito do trem que passou uns 03 metros de nosso acampamento, hora de tomar um café, arrumar as mochilas nas motos e prosseguirmos pois tínhamos de Calama a San Pedro de Atacama 320 Km para percorrermos ainda pela manhã, visto que queríamos chegar a fronteira no final da tarde.
Prosseguimos tirando algumas fotos, já bem próximo de San Pedro avistamos a entrada do famoso Valle de La Luna, entramos, percorremos alguns km em meio ao deserto e nada, até que apareceu uma caminhonete, parecia um daqueles filmes Mexicanos ou Mad Max, parei e pedi informação, descobri que a entrada do Valle de La Luna estava fechada já há alguns meses e que teríamos que prosseguir pelo asfalto mais alguns kilômetros e assim fizemos.
Rodamos mais e finalmente a entrada principal do Valle de La Luna, já li muito sobre esse lugar, vi vários documentários e estava ansioso para conhecer, e realmente é único, pois é famoso por ter em sua formação a aparência da superfície lunar devido as distintas estratificações e afloramentos salinos ocasionados pelos agentes naturais, pouca chuva, ou melhor, nada de chuva, muito sol e vento.
Visualizamos Cordilheiras de Sal, dunas de areia, Minas de Sal, cânion e muitas formações que nos proporcionava nos sentirmos na lua literalmente, era uma experiência fora deste mundo conforme esta no folder promocional do Valle.
Após conhecermos, fotografarmos e encontrarmos turistas de muitos locais distintos seguimos para San Pedro de Atacama, chegando por volta das 14hs, efetuamos os transmites burocráticos da aduana Chilena e Argentina, conhecemos alguns alemães que tinham alugado duas motos em Santa Catarina e estavam em expedição pelo Atacama.
Fomos até o centro histórico para conhecermos, efetuarmos cambio de pesos chilenos para argentinos, conhecemos dois motociclistas de são Paulo que retornavam do Peru e muitos turistas europeus, a cidade é linda, repleta de muita história e um ponto essencial para pernoite, alimentação e passeios em meio ao Deserto do Atacama.
16:00hs saímos de San Pedro de Atacama com destino ao passo de fronteira, Paso de Jawa, fronteira Chile/Argentina, tínhamos apenas 160 km para percorremos, parecia que seria muito rápido e de fácil percurso.
Prosseguimos pelo deserto, desta vez a paisagem tinha terra colorida, arbustos baixos, vulcões, flores e alguns guanacos que hora atravessavam o asfalto.
Íamos de vento e popa, a paisagem é magnífica, de repente sinto que a Factor perdia força, baixava alguma marcha e prosseguia, meu companheiro Jones tocou um pouco na frente visto que eu não passava de 40km/h e a Falcon ainda tinha muito motor.
De repente a mais ou menos 4.000 metros de altitude sobre o nível do mar a guerreira Factor 125 cilindradas parou, não conseguiu mais respirar e desistiu, risos, era exatamente isso. Minha nossa o que fazer, liga, desliga moto, empurra, arranca, apaga estava ali, a uns 100 km da fronteira, no meio do nada, em plena cordilheira no Deserto do Atacama.
Nesse momento a vida passa como um filme e lembramos muitas coisas, inclusive do tempo que fui militar, relembro do básico e vem a palavra “ESAON”, ou seja, estacione, sente-se, alimente-se, oriente-se e navegue, pois foi isso que fiz, refleti sobre tudo que acontecia e tentei prosseguir, mas não adiantava nem empurrar a moto morro a cima, já sem jaqueta, luvas e uma pequena falta de ar devido a altitude e todos os turistas que desciam de carro sentido oposto paravam, e me falavam para retornar, me davam água e barra de cereais para recuperar as energias.
Inclusive uma senhora boliviana chegou a me falar que eu deveria voltar ou iria “morir no deserto” que a noite faz menos 15 graus ou ainda menos, pensei então em retornar até São Pedro de Atacama e buscar uma carona de algum caminhão até a fronteira, algo assim, mas meu companheiro ainda estava a frente e não tínhamos comunicação.
Finalmente vem mais um automóvel, era um casal de turistas de Santa Catarina, gritei Brasil e o carro parou, pedi se podiam retornar e comunicar meu companheiro do ocorrido e eles me falaram que o motociclista que estava para frente também estava com a moto parada reparando alguma coisa.
Jones já havia tirado o filtro de ar da Falcon, agradeci aos novos conhecidos pela mão, e chega meu companheiro que no momento não acreditava que a Factor tinha parado, mas era isso e mesmo, a moto estava apunada, ou seja, sem ar, a queima de combustível e o ar que entra não geravam a combustão.
Um pouco de conversa e a melhor decisão era prosseguir, sair do deserto, chegar até a fronteira, tiramos o filtro de ar da Factor, coloquei uma gasolina que vinha guardando desde a entrada da Argentina em umas das garrafas de refrigerante para uma eventualidade.
Atamos uma corda na Falcon, segurei firme e subimos, isso mesmo, subimos uns 03 kilometros a Falcon fumaciava com a força que o motor fazia, com a falta de ar e um pouco afogada e eu seguia puxando aquela corda como se fosse a ultima saída, risos. Finalmente a Factor desenvolveu velocidade, larguei a corda e enrosquei o cabo, não parando mais.
Passamos pela entrada da Bolívia que ficavam apenas 08 kilometros da estrada que percorríamos, Jones ia parando e fotografando e eu tocando para chegar à fronteira antes da noite, afinal não sabia o que teria pela frente.
Anoitecia, o por do sol era maravilhoso, avistávamos um Salar lindo e colorido, prosseguíamos pelo deserto e ao entrar a noite estávamos na fronteira, efetuamos os transmites burocrático, tentei ver se era possível acampar em uma escola abandonada que existe próxima a fronteira ou montar um acampamento no estacionamento dos caminhões.
A resposta foi, “no es posíble” passem para Argentina que tem um pequeno hotel junto ao posto de combustível, que ótima notícia, mas a melhor ainda estava por vir, enquanto o Jones retornava da aduana eu conversava com algumas moças da policia.
Terminei descobrindo que os habitantes de um pequeno povoado próximo a fronteira alugavam quartos para os turistas, agradeci a informação, entramos na Argentina, abastecemos, conhecemos alguns motociclistas argentinos que estavam a caminho de San Pedro de Atacama e um casal de motociclistas Colombianos que já haviam passado pro Foz do Iguaçu e retornavam para Colômbia com uma moto também de 125 cilindradas.
Trocamos algumas dicas sobre o percurso, tomei um mate com os argentinos e fomos procurar alojamento na casa de alguma família, as casas são feitas de uma espécie de tijolo muito grande, não sei se é barro ou uma espécie de pedra de origem vulcânica, o teto é feito de madeira e revestido de barro, durante a noite quando a temperatura cai a casa se mantém aquecida e durante o dia que é muito quente ela fica fresquinha.
Guardamos as motos, descarregamos algumas coisas e fomos para o quarto, resumindo os melhores cômodos da casa era o banheiro com lajotas e chuveiro aquecido e o quarto dos turistas. Após um bom banho, descansamos e fomos jantar, conversei com as meninas que estavam de férias da escola e encontrava-se com os pais, descobri muitas novidades sobre aquela região da Argentina e elas sobre o Brasil.
Tentamos dormir, mas também estávamos apunados da altura, sentia dor de cabeça, falta de ar e dor de estomago, o cansaço era mútuo, por volta das 08hs já estávamos colocando as mochilas na moto, olhando o mapa e trocando alguma idéia sobre o próximo percurso.
Na próxima matéria estaremos conhecendo o Salar em meio ao Deserto do Atacama do lado Argentino, a famosa Quebrada de Purmamarca, patrimônio da Humanidade, Jujuy e uma tempestade se aproximando que nos fez dormir em uma praça de pedágio.
Agradeço aos patrocinadores: Jornal Fronteira Meridional e Gráfica Capricho, Posto MB “Shell”, RG moto peças, Supermercado Povão, Hotel Rio’s, Lojas ASM motos Yamaha de Bagé e JS motos e carros de Pelotas.



5ª e última parte da Expedição Atacama


            Estávamos saindo da região do Atacama, ou seja, estávamos deixando a região onde estão presentes 10% dos vulcões ativos do planeta, nossa próxima parada será na cidade de Susques para abastecermos, avistamos uma bandeira muito estranha no mastro principal da cidade, era a bandeira dos povos originários, conversamos com um morador, pegamos alguns mapas e prosseguimos, aos poucos o deserto o Deserto do Atacama mudava de cor e de vegetação, a paisagem parecia uma miragem, era única, inclusive dava vontade de abrir a viseira do capacete e gritar, e assim o fiz, mesmo sabendo que os vulcões adormecidos estão ali prontos a despertar em qualquer momento.

Logo à frente tínhamos uma grande montanha para atravessarmos, achava que a Factor não iria ultrapassar aquela altitude, era a Quebrada de Humahuaca, patrimônio cultural e natural da humanidade, passamos e prosseguimos, logo à frente encontramos Salinas Grandes, um grande salar, onde conhecemos casas, estátuas, móveis e muito artesanato feito de sal.

Chegamos a San Salvador de Jujuy, aproveitamos para comprar alguns suprimentos alimentícios, abastecemos e prosseguimos, o sinal de que viria chuva era nítido,a noite se aproximava e nosso próximo pernoite foi em uma área de lazer de um pedágio, durante a noite tivemos uma grande tempestade de chuva, muito vento e falta de energia elétrica, o pedágio ficou cheio de automóveis durante grande parte da noite.

Acordamos cedo prosseguindo para o Chaco Argentino, percorrendo 622 kilometros neste dia, durante o Chaco avistamos muitos cabritos, mulas e lagartos, a região é inóspita e não temos muitos postos de combustível, pernoitamos no Camping municipal de Roque Saez Peña,Camping indicado por meu irmão motociclista Marcelo Boaird integrante do motogrupo Zumbis do  Inferno da cidade de Pelotas, durante a noite veio outra grande chuva onde inundou completamente o camping, dormimos muito pouco, mas estávamos prontos para partirmos ao amanhecer.

Abastecemos e seguimos para Resistência, Mercedes e Curuzú Cutiá, vivenciamos uma das maiores festas culturais da Argentina, a procissão del Gaucho Gil, prosseguimos até próximos da fronteira com o Uruguay rodando neste dia 600 kilometros, encontramos uma equipe de repórter que iam fazer a cobertura do Raly Dakar no Atacama, ao chegarmos próximos de Monte Caseros descobrimos que não teríamos como passar para o Uruguay, então nosso pernoite foi em um posto de combustível onde aproveitamos para limpar as motos, algumas roupas, fazermos nossa higiene pessoal e dormirmos uma ótima noite.

Acordamos cedo, arrumamos as coisas nas motos, tomamos um ótimo café e prosseguimos para Concórdia/Salto onde fizemos nosso transmite aduaneiro, estávamos no Uruguay, almoçamos em Salto e prosseguimos para Tacuarembo, onde fomos pernoitar em Rivera, na casa e sede de nosso amigo Omar Pirata e sua esposa, integrantes dos PIRATAS MG.

Nosso último percurso foi de Rivera para Vichadero, saindo na cidade de Mello, onde abastecemos novamente, faltando 90 kilometros para a fronteira com o Brasil, durante estes últimos kilometros encontramos um jovem de Mello que estava indo para Laguna Mirin de motocicleta e estava empenhado na estrada, como não tínhamos como solucionar o problema, aproveitei a mesma corda que o Jones utilizou para me rebocar na saída do Chile devido a altitude, atei na Factor e reboqueio o rapaz até Rio Branco.

Chegamos à última fronteira burocrática, carimbamos o passaporte, deixamos nosso novo conhecido em uma oficina, quando contamos que vínhamos do Atacama ele não acreditava, nos despedimos e prosseguimos por entre as ruas da Coxilha, paramos na região dos Free Shoping, Jones comprou algumas coisa e aos poucos víamos a Ponte Internacional Mauá, nossa passada para o Brasil, ou melhor, para Jaguarão cidade fronteiriça. Aos poucos terminava nossa expedição, acompanhei meu companheiro de viajem até a BR 116, pois ainda tinha que prosseguir até a cidade de Pelotas.

Para mim que já havia feito outras duas expedições, somente eu e minha motocicleta, “A Tríplice Fronteira” e do “Atlântico ao Pacífico” foi muito bom ter feito esta com meu grande irmão Motociclista Jones, percorremos 7.500 kilometros, vivenciando diversas culturas, sentindo o efeito da altitude, sentindo o calor do deserto, o cheiro da terra molhada, conhecendo lugares e pessoas de diversas nacionalidades, certamente a experiência que vivenciamos durante estes 15 dias ficaram guardadas em nosso disco rígido cerebral, risos,e nas histórias que teremos para contar.

Agradeço ao Jones por me acompanhar, a todos que nos receberam durante o percurso, á direção do jornal Fronteira Meridional que publicou diversas matérias, ao Japa Galeiro que está publicando no blog dos unidos pela máquina de Herval e aos patrocinadores pois a ajuda deles foram indispensáveis para com os gastos com o combustível. O que posso dizer é que você leitor que de uma forma ou de outra acompanhou nossa expedição por estas linhas, também faça sua viagem, seja de avião, ônibus, motocicleta ou a pé, aproveite cada momento, pois o tempo não para.

Agradeço aos patrocinadores: Jornal Fronteira Meridional e Gráfica Capricho, Posto MB “Shell”, RG moto peças, Supermercado Povão, Hotel Rio’s, Lojas ASM motos Yamaha de Bagé e JS motos e carros de Pelotas.





























 Próximas imagens retiradas do álbum "Bell Ville" do amigo Segóvia:




















Fotos seguintes retiradas do álbum "Em La paz ,Argentina":























A seguir fotos do álbum "Rosário"





























































Fotos obtidas do álbum Aconcágua:























































Fotos retiradas do álbum Cordilheira dos Andes e Pacífico:

































































































Fotos do álbum Caleta Hornos:


- Este grande amigo me informa: "Japa não sei se as fotos foram com os nomes: Na praia é onde acampamos, Caleta Hornos, Os burrinhos são dos carregadores no Aconcagua, a outra é meu companheiro Jones e eu no Aconcagua, as frutas são nas barracas que tem na beira da estrada próximo ao Pacífico, as curvas são Los Caracoles na cordilheira dos Andes, a placa de boas vindas ao Chile fica próxima a aduana e o indicativo de tsunami esta indicando por onde devem sair da praia Caleta Hornos. Abração"



























































Imagens obtidas do álbum Reserva Natural em Pan de Azucar Atacama:
























































































Imagens retiradas do álbum Antofagsta, Chile, pernoite em Calama:




























































Fotos retiradas do álbum Valle de la Luna:


































































































Imagens do álbum San Pedro de Atacama , Chile :
























































































Fotos retiradas do álbum: "Quebradas de Pumamarca"





















Fotos obtidas do álbum: "El Chaco Argentino"







































Fotos do álbum: "Sede dos Piratas MG, Rivera"












Vandres / Japa Galeiro - Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil
Correspondente Oficial da Expedição Atacama