À
moda antiga, é o que posso dizer. Sem grandes tecnologias ou suporte eletrônico
tão presentes hoje em dia. Estavam comigo somente estes elementos: o ar, a água
e a terra. Acordei às cinco da manhã e uma tempestade atrasava minha partida,
tinha até chegado a desistir e voltado a dormir. O telefone toca, era o Tonsor
colocando a maior pilha. Olho para o céu e a tempestade havia se dissipado,
ainda havia nuvens mas não o bastante para me impedir. Pedi ajuda a Deus, pedi
proteção. Coloquei minhas botas, a roupa off Road e parti deixando ansioso o
coração de minha amada. Já o meu, batia forte e feliz por estar mais uma vez na
estrada, por rever os amigos e por ter a certeza de que iria voltar. Percurso
duro, bem mais suado que das últimas vezes, só o xzelão que não podia reclamar.
E não reclamou, funcionou bem melhor que das outras vezes. O tempo enfeiava,
mas não dava nada, o sorriso que levava no rosto era bem maior que qualquer
adversidade. As plastas de barro iam voando, os pássaros cantando e eu ia
chegando ao meu destino. Sabe aquelas chegadas de parar o evento? Pois é... Não
sei se era curiosidade, alegria ou espanto de me verem chegar daquele jeito. Velho
Chico testemunhou bem, hehehe! Assim fui os abraçando e acenando os que estavam
mais distantes. Vi o Eli, o Juca e também o amigo Missa. Abracei a Lu, o grande
Madail, o seu Rosinha, boas risadas surgiram ao contarmos as histórias de
pessoas amigas que partilhamos. Aviso ao Eduardo que cheguei, o amigo Márcio
preocupado conosco estruturou toda sua casa para nos receber, assim almocei lá,
pois parti em viagem como me levantei. Quando retornamos vejo o Serginho, o Fernandinho
e o Renato Argentino. No acampamento vejo o Ademir e a Lorena, mais o Césinha e
a Ritinha, sem falar no Nonô e muitos outros que por conta de desencilhar a
velha moto não pude abraçar bem. Riram bastante do meu sistema de vedação da
bagagem na moto, deixa eles, devem ter chegado com os rabinhos bem molhados em
casa, haha! Acampamento montado, turma reunida fomos todos curtir o show de rock
das grandes bandas que estavam tocando, curtimos também o show de motos que
agitou fortemente a galera que se fazia presente por lá. Se junta a nós o amigo
Sebástian e boas gargalhadas e histórias de estrada trocamos até a noite se
acabar. Muitas motos, muita gente, um abraço no amgo Adonaldo, muita canseira e
um saboroso pancho no vapor antes de ir deitar. Uma cervejinha, já que a moto
estava guardadinha no ginásio, um passeio a pé até o acampamento, uma chuvinha
para poder sonhar. Aquele belo banho, o dorme sujo esticado pela barraca, a
farra dos motociclistas pela quadra do ginásio, alguns amigos sem barraca
dormindo no chão entre outras barracas. O corpo cansado, um boa noite a todos,
um aperto por estar longe da moto que tanto adoro até o amanhecer. Seis da
matina o Tonsor e a Aninha ainda dormiam, enquanto eu ia desmontando tudo.
Levava tempo, pois ia ensacando tudo, ponto a ponto para tornar impermeável ao
mau tempo que persistia lá fora. Todos iam vendo e fazendo contas do que ia me
acontecer. Só o amigo Lagarto falou certo, ia ser uma bela trilha, uma diversão
certa pra nunca mais esquecer. Umas boas catracadas, uma bela dose de paciência
até o motor aquecer, a tristeza em ter que deixar os amigos mais uma vez e a
certeza que num futuro próximo nos voltamos a ver. Fica o sorriso dos amigos
que ficaram torcendo por um final feliz em minha partida, entre eles o rosto do
amigo Mário e do seu Edir. Chuva forte, um verdadeiro aguaceiro. Abasteço,
agradeço e faço uma nova oração e com fé retorno. Devagar, passeando entre as
poças d’água, o barro e as grandes corredeiras que se formavam em toda parte. Até
me perdi por não conseguir ver pela viseira embaçada de meu capacete, mas me
achei rapidinho com a orientação das pessoas que habitavam por ali. Encontro amigos
caminhoneiros e me avisam que uma ponte estava em baixo d’agua, mas foi só
susto quando a avisto já estava baixa. Xlx firme, andando como se não houvesse
temporal, eu contente, comprovando algo que postei há um bom tempo sobre moto,
mau tempo e estar sequinho dentro de um carro. Quem me conhece sabe, sorriso
fácil com a moto. Assim fui pensando sobre a vida, sobre os amigos e tudo que
vivi. É muito bom tudo isto, levar um pouco de cada um em si, sem se importar
com o tempo e tão pouco com o que há de ruim por aí. Querer estar junto, mesmo
com as dificuldades que são trazidas a nós, acima de tudo amando a Deus e
confiando nele para vencê-las a cada dia. Se pudesse não mudaria quase nada,
apenas talvez mais grana, pois a gastaria toda para estar sempre próximo dos
que quero bem. A minha já gasto e gasto bem. Invisto em amor, aventura e
grandes sonhos, em belas histórias... O resto só acontece pela boa fé. Chego
feliz em casa, aquela bela fumaceira com a família, uma toalha para se secar,
passo a mão no bicho maldito, esparramo a molhaceira pela casa, dou um beijo na
amada e espero por um novo sonho a se realizar. Grato, deixo meus parabéns à
Pinheiro Machado e a todos os envolvidos diretamente com o 2º Motopinheiro pelo
grande evento, pela hospitalidade e bom coração. Hoje, confesso, só o que me
deixa triste é a saudade de tudo e de todos.
Japa
Galeiro – Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil.