terça-feira, 26 de abril de 2016

2º MOTOPINHEIRO


À moda antiga, é o que posso dizer. Sem grandes tecnologias ou suporte eletrônico tão presentes hoje em dia. Estavam comigo somente estes elementos: o ar, a água e a terra. Acordei às cinco da manhã e uma tempestade atrasava minha partida, tinha até chegado a desistir e voltado a dormir. O telefone toca, era o Tonsor colocando a maior pilha. Olho para o céu e a tempestade havia se dissipado, ainda havia nuvens mas não o bastante para me impedir. Pedi ajuda a Deus, pedi proteção. Coloquei minhas botas, a roupa off Road e parti deixando ansioso o coração de minha amada. Já o meu, batia forte e feliz por estar mais uma vez na estrada, por rever os amigos e por ter a certeza de que iria voltar. Percurso duro, bem mais suado que das últimas vezes, só o xzelão que não podia reclamar. E não reclamou, funcionou bem melhor que das outras vezes. O tempo enfeiava, mas não dava nada, o sorriso que levava no rosto era bem maior que qualquer adversidade. As plastas de barro iam voando, os pássaros cantando e eu ia chegando ao meu destino. Sabe aquelas chegadas de parar o evento? Pois é... Não sei se era curiosidade, alegria ou espanto de me verem chegar daquele jeito. Velho Chico testemunhou bem, hehehe! Assim fui os abraçando e acenando os que estavam mais distantes. Vi o Eli, o Juca e também o amigo Missa. Abracei a Lu, o grande Madail, o seu Rosinha, boas risadas surgiram ao contarmos as histórias de pessoas amigas que partilhamos. Aviso ao Eduardo que cheguei, o amigo Márcio preocupado conosco estruturou toda sua casa para nos receber, assim almocei lá, pois parti em viagem como me levantei. Quando retornamos vejo o Serginho, o Fernandinho e o Renato Argentino. No acampamento vejo o Ademir e a Lorena, mais o Césinha e a Ritinha, sem falar no Nonô e muitos outros que por conta de desencilhar a velha moto não pude abraçar bem. Riram bastante do meu sistema de vedação da bagagem na moto, deixa eles, devem ter chegado com os rabinhos bem molhados em casa, haha! Acampamento montado, turma reunida fomos todos curtir o show de rock das grandes bandas que estavam tocando, curtimos também o show de motos que agitou fortemente a galera que se fazia presente por lá. Se junta a nós o amigo Sebástian e boas gargalhadas e histórias de estrada trocamos até a noite se acabar. Muitas motos, muita gente, um abraço no amgo Adonaldo, muita canseira e um saboroso pancho no vapor antes de ir deitar. Uma cervejinha, já que a moto estava guardadinha no ginásio, um passeio a pé até o acampamento, uma chuvinha para poder sonhar. Aquele belo banho, o dorme sujo esticado pela barraca, a farra dos motociclistas pela quadra do ginásio, alguns amigos sem barraca dormindo no chão entre outras barracas. O corpo cansado, um boa noite a todos, um aperto por estar longe da moto que tanto adoro até o amanhecer. Seis da matina o Tonsor e a Aninha ainda dormiam, enquanto eu ia desmontando tudo. Levava tempo, pois ia ensacando tudo, ponto a ponto para tornar impermeável ao mau tempo que persistia lá fora. Todos iam vendo e fazendo contas do que ia me acontecer. Só o amigo Lagarto falou certo, ia ser uma bela trilha, uma diversão certa pra nunca mais esquecer. Umas boas catracadas, uma bela dose de paciência até o motor aquecer, a tristeza em ter que deixar os amigos mais uma vez e a certeza que num futuro próximo nos voltamos a ver. Fica o sorriso dos amigos que ficaram torcendo por um final feliz em minha partida, entre eles o rosto do amigo Mário e do seu Edir. Chuva forte, um verdadeiro aguaceiro. Abasteço, agradeço e faço uma nova oração e com fé retorno. Devagar, passeando entre as poças d’água, o barro e as grandes corredeiras que se formavam em toda parte. Até me perdi por não conseguir ver pela viseira embaçada de meu capacete, mas me achei rapidinho com a orientação das pessoas que habitavam por ali. Encontro amigos caminhoneiros e me avisam que uma ponte estava em baixo d’agua, mas foi só susto quando a avisto já estava baixa. Xlx firme, andando como se não houvesse temporal, eu contente, comprovando algo que postei há um bom tempo sobre moto, mau tempo e estar sequinho dentro de um carro. Quem me conhece sabe, sorriso fácil com a moto. Assim fui pensando sobre a vida, sobre os amigos e tudo que vivi. É muito bom tudo isto, levar um pouco de cada um em si, sem se importar com o tempo e tão pouco com o que há de ruim por aí. Querer estar junto, mesmo com as dificuldades que são trazidas a nós, acima de tudo amando a Deus e confiando nele para vencê-las a cada dia. Se pudesse não mudaria quase nada, apenas talvez mais grana, pois a gastaria toda para estar sempre próximo dos que quero bem. A minha já gasto e gasto bem. Invisto em amor, aventura e grandes sonhos, em belas histórias... O resto só acontece pela boa fé. Chego feliz em casa, aquela bela fumaceira com a família, uma toalha para se secar, passo a mão no bicho maldito, esparramo a molhaceira pela casa, dou um beijo na amada e espero por um novo sonho a se realizar. Grato, deixo meus parabéns à Pinheiro Machado e a todos os envolvidos diretamente com o 2º Motopinheiro pelo grande evento, pela hospitalidade e bom coração. Hoje, confesso, só o que me deixa triste é a saudade de tudo e de todos.



Japa Galeiro – Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil.