terça-feira, 9 de dezembro de 2014

7º Moto Integração Bagé

Todos nós, um dia, passamos por uma prova de fogo. Comigo não poderia ser diferente. Não sei se era necessário, se o universo conspirou contra mim ou o quê, somente sei, que foi assim. Mas nesse âmbito não importa, o que importa é a emoção, a solidariedade dos amigos, a compaixão em si e a alegria em estar bem, sãos e salvos. Foi uma semana de ansiedade. Havia viajado muito pelo asfalto e estava com saudade de uma terrinha, estava com vontade de pilotar a velha XLX. Revisões, preparativos com a bagagem, aquele trato na nega véia, era chegada a hora de partir. Estradas em boas condições, a diversão chegava só lá pela Usina de Candiota, que por conta da pedreira, tornava o caminho bem difícil. Caminho interessante, até XLX triciclo vi por lá. Asfalto atingido, era hora de acelerar! Tudo revisado na parada do posto do trevo de Candiota, seguimos nosso percurso. Viagem maravilhosa, até que, bem próximo a Bagé, talvez nem faltando 15kms, ouço um grande estouro na parte traseira da moto, algo realmente forte, que chegou a vibrar o chassi... Assustei-me e rapidamente olhei pra trás ainda pude ver o saco de dormir e a barraca caindo em chamas, foi uma grande fumaceira na área do escape, pensei que a moto tivesse fundido ou o pneu estourado e estraçalhado o alforge, mas vi que o motor funcionava perfeitamente e o pneu intacto. O que poderia ter sido? Consegui parar a moto de pronto, a Simone apagava as chamas do alforge enquanto eu corria pra tirar as coisas que ficaram espalhadas pelo asfalto para tentar evitar que ocorresse um acidente naquele local. Enquanto os motociclistas paravam, eu confirmava que estava tudo bem. Não havia muito que eles pudessem fazer, era com a gente mesmo. Era triste ver tudo queimando, mas ao mesmo tempo dava um grande alívio por estarmos bem e a moto de pé. Graças a Deus, o último motociclista que parou me prestou uma grande ajuda, pois o fogo de nossos pertences acabou incendiando o acostamento e se não fosse o nosso trabalho em equipe poderia haver até um desastre ecológico, deixo meu muito obrigado ao motociclista Chico lá de Pinheiro Machado. Tudo sob controle, deixei o Chico seguir. Tudo o que era nosso estava espalhado pelo acostamento(algumas coisas ainda queimando como: toalha, barraca e o saco de dormir) a Simone horrorizada com o ocorrido, a moto toda chamuscada, uma grande fumaça na beira da estrada... Bem triste mesmo a cena. Só me perdoem não tive espírito pra tirar fotos, é sempre melhor não eternizar momentos ruins para simplesmente eles terem fim.  Enquanto ia reunindo o que foi possível salvar, o Eduardo, que já estava no evento desde sexta-feira, sentiu nossa demora e me contatou, expliquei a ele o caso e deixei-lhe a incumbência de nos auxiliar com a estadia. Nisso, encontro algo no chão: a garrafa do reparador de pneu. Estava muito avariada e sem conteúdo, praticamente irreconhecível. Acredito que, o que ocasionou a explosão, por conta da grande trepidação na estrada de terra(o que deve ter agitado muito o recipiente), somando o calor do sol(pois os alforges são pretos) e mais o calor do escape, foi este dispositivo. Não sou especialista, mas na minha opinião, como seu conteúdo está sob pressão, o agito e o calor o fizeram estourar e romper o alforge, fazendo com que a borracha líquida atingisse o escape incendiando tudo. Fica meu alerta, tenha muito cuidado ao carregar esse recurso, ele tem que se manter frio. Depois que juntei tudo e enquanto olhava com tristeza o assento, a lateral e parte da traseira da XLX destruídas, minha maior dúvida era como levar o que restou na moto... Peguei minha faca e cortei uma parte queimada do alforge que atrapalharia sua sustentação, suas amarras estavam intactas, o que ajudou a recolocá-lo no lugar, alguma coisa coube na mochila da Simone. Falando na Simone, tenho que agradecer muito a ela pela coragem de me ajudar com o fogo na moto e salvar algo de grande importância para mim de dentro do derretido alforge, o meu chapéu. As coisas mudariam bastante sem ele, representou o nosso sucesso sobre a adversidade. Tomei como um indício de que o sonho, não acabou. Assim acionamos a pesada catraca da XLX e seguimos viagem. De ruim foi só isto, quando chegamos tudo estava em festa, inclusive a gente. Nós e a XLX éramos o assunto. O Eduardo nos esperava de braços abertos e já nos trouxe a solução para a estadia: nosso amigo Adonaldo havia trazido a barraca e um colchonete para nos acomodarmos! Grande Adonaldo, eterno amigo, obrigado. Depois de um delicioso XIS frango e belas risadas proporcionadas por nossa querida amiga Angélica, passeamos pelo evento, pela feira motociclística, pela cidade até nos deitarmos na praça. Era bastante o cansaço. Tiramos foto do Nike, da Rose e ainda deixamos o Romeu brabo. Quem devia ficar brabo era eu né Romeu, eu não te vi no super mas me visse e nem beijinho me desse, hahaha! Deixa estar. Curtimos as apresentações de competições de força entre atletas de Bagé e um belíssimo show da Radical Moto Show, equipe Yamaha, com altas manobras em cima de motos de alta cilindrada como a R1 e a Xj6. Encontramos o amiguinho Betão de Herval e família, que curtiram o show com a gente. Fomos tomar um sorvetinho e nos juntamos com a turma do Gayer e do Sabrito. Muitos amigos estavam lá. O Cabral papeava, o Marcel tomava umas e o Bin nos matava a saudade. Ficamos ali até anoitecer, quando com o Eduardo, decidimos curtir os shows de Rock, que estavam de arrepiar. Destaco a banda “Sal na Lesma” e outra de vocal feminino que não guardei o nome, que cantaram grandes clássicos do bom e velho, rock’n roll. Tocou por lá também uma banda argentina muito bem falada mas nessa hora já havia ido nanar. Ficamos nos galpões da Prefeitura e estava bastante animado lá. E entre tratores e motosserras que era o que parecia o som dos roncos motociclísticos, acordamos em uma linda e quente manhã de domingo. Novamente arrumamos tudo como deu e iniciamos nosso retorno. Deixamos a barraca e o colchonete do Adonaldo em sua casa e junto do amigo Edir nos despedimos de Bagé. No trevo seguimos em direção à Candiota e o amigo Edir à Pantano Grande. Pegamos um cafezinho no posto do trevo e seguimos pelo traiçoeiro atalho da Usina. Paradinha na árvore do suco, refresco na casa da Aninha em Pedras Altas, uma breve passadinha no rodeio, uma longa estrada de pó e forte sol até chegar em casa. Uma prece para agradecer a Deus pela proteção, obrigado Senhor, um parabéns ao pessoal de Bagé pela hospitalidade e descontração. Lindo e maravilhoso evento!! Por mais traumática que a experiência poderia ter sido, não foi. Pra mim, apenas valeu como ensinamento. O que absorvi, foi que precaução nunca é demais, que motociclistas verdadeiros são irmãos e estão sempre prontos pra ajudar, os que não estão apenas passam, que uma promessinha pra encontrar as ferramentas vale a pena( né São Crespin? Encontrei todas!) e que pra alegria de toda nação Xzeleira, a XL não é apenas uma moto que sobe até paredes mas que também é a PROVA DE FOGO!!!


Vandres/Japa Galeiro – Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil.