Danem-se os problemas, não os quero mais, que fiquem para trás. O colo da amizade é a minha paz. Acordei com vontade de sentir o vento e curtir com os amigos tudo aquilo que me convém. Como moldura o 15° Moto Lagoa e o 8° Aniversário dos Galeiros do Sul numa fria manhã de outono, bem no finzinho de março. As malas de garupa arrumadas, moto ligada e uma ansiedade sem fim. Uma nova aventura, uma imensa felicidade no peito e a alegria de estar com os amigos galeiros mais uma vez. Saí às seis e meia da manhã de sábado e por volta das dez eu cheguei.
A recepção do Moto Lagoa, de tão bem estruturada, dava impressão de que o encontro era ali. Um delicioso churrasquinho, aquele bom refrizinho além ainda de um iogurtinho pude experimentar pensando se dava uma passadinha no evento ou ia direto para o cafofo dos cabiludos onde se faria a comemoração do aniversário galináceo. Decidi dar uma passadinha antes no Moto Lagoa para umas fotinhos e ficar livre para os galeiros, tive um contratempo em meio a isto mas que de tão desinteressante foi nem vale a pena comentar.
Mas foi só. Só alegria quando decidi fazer a surpresa pro cabiludo e toda a galera galeira que não sabia que eu iria, por eu não ter deixado meu nome entre os confirmados. Realmente não era certo, havia ficado até altas horas encaminhando uma tarefa que talvez me impedisse de ir, mas a esperança me acalentava e o sonho se realizava. Foi simplesmente lindo e inesquecível, ver todos reunidos em meio à natureza, rodeados de setegalos por todos os lados. Foram vinte e três galos ao todo, em meio à fumaceira do saboroso churrasco do Cabiludo Pai. Entre muitos abraços e novas amizades, eu não me continha e distribuía meu sorriso pois queria que soubessem o quanto estava feliz por estar ali.
Foi o meu sonho e tenho certeza, que o de todos. É uma turma sem igual, onde o preconceito e o elitismo não impera, cilindrada, apesar de serem setecentas, é apenas a desculpa para começar uma nova amizade ou reunir os amigos, você que é motociclista sabe a importância que isto tem. Eles brincam que galo é galo e o resto é resto, mas a moto referenciada como relíquia neste evento era uma Black, CGzinha bolinha oitenta e dois. Foi uma alusão a relíquia do Paraná, a mítica Black de apenas 14 kms rodados. A moto que levava o galinho mascote e puxava a galeada era a minha velha CB. Se me permitiram isto e se reverenciaram uma 125, há alguma dúvida na sinceridade desta turma? Claro que não. Que emoção senti ao ver todo o pessoal reunir as galos para a foto oficial e que ronco infernal ecoou em São Lourenço, mas emoção mesmo foi ganhar o sorteio do Cabiludo e do Márcio enquanto arrumava minha mochila na barraca. Pulei, larguei a barraca e não acreditei. Nunca ganho nada em sorteio, que bom que foi com os galeiros. Para mim não foi uma simples mala de tanque como brinde de sorteio, mas sim uma grande lembrança, um valioso presente de meus amigos galeiros. O que para uns talvez não seja muito para mim foi o mundo. Dinheiro e bens materiais não conseguiremos levar conosco para a eternidade, mas amor, carinho e amizade sim, é algo extremamente precioso.
Depois da churrascada, de muita risada e bolinho de aniversário, rumamos para o evento da cidade onde paramos tudo e a todos com o belo ronco da moto do século, da rainha setegalo. No evento não foi diferente. O galinho fez sucesso e estava sempre com a gente.O Moto Lagoa estava maravilhoso e lotado como sempre, por isso quando fomos estacionar nos perdemos e aproveitei para camperear os velhos amigos, encontrei o Tonsor e uma grande amiga, abracei o Capincho e o Cederli, conversei com o Serginho, tirei dúvidas com o Nelson, vi o Gonzaguinha e dei aquele aperto de mão no Caveirão.
Quando voltei pra galeada tudo era só festa, as bandas embalavam à noite e nossas vidas. Ninguém podia com o Fernando e o Banri, o Paulinho e o Neto só riam. A fome batia e o grande Galo da Madrugada dava a idéia de um lanchinho. Era eu, o Luciano e o Canabarro mais as meninas. O Sabadin na incansável espera de seu cachorro, quente. Voltamos para o encerramento com a Só Credeence, eu já quase dormia. No microfone, um pedido de casamento, em evento que tem galeiro sempre tem um enforcamento.
Já era chegada a hora de encerrarmos também o canto das galos. Retornamos bem tarde acho que já eram duas da manhã, fomos fazendo barulho rua afora eu, o Cabiludo e o Fernando, mais a Cabiluda, fazendo também, história pela escura noite, lourenciana. Apagadas as luzes, enfim dormi, novamente sobre a bandeira dos unidos que sempre com muito amor carrego comigo, aonde vou. Despertando, um belo café proporcionado pela família cabiluda nos aguardava, uma verdadeira delícia. Suco de araçá e cuca de abacaxi e banana. Todos já em clima de despedida, contavam as histórias de falta de gasolina (é ou não é Galo e Paulinho?) resolvida pelo amigo que lembrei o nome e restaurei a amizade (grande Celito!), da falta de força e braço de um CBzeiro com sua moto ( abraço Canabarro!).Tudo já arrumado, era hora de voltar. Para a querida querência ao meu amado lar, para contar aos meus entes queridos as muitas histórias dos meus vários amigos que um dia ainda haverei de reencontrar. Desta vez não pude citar a todos peço que me perdoem, queria muito mesmo mas torna-se bem difícil visto a dimensão que os dois eventos atingiram. Deixo um muito obrigado ao Michel, ao Márcio especialmente ao Cabiludo Pai e Cabiluda Mãe, também ao Rocca e demais galeiros que tanto se empenharam em bem receber a todos e manter forte a alma galeira. Uma pena que tudo passou, rápido demais.
Só me resta hoje ficar mais um vez com a saudade, minha inseparável e velha companheira, de estrada.
Vandres/Japa Galeiro – Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil.
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Abraço Galeiro a todos!!