14º MOTOFEST - JAGUARÃO
O celular já havia
despertado, abri meus olhos e mais uma vez enchi meus pulmões de liberdade. O
sol raiava lá fora e seu brilho aquecia meu rosto. Céu azul, o dia estava
perfeito. O coração batia forte, os alforges já se encontravam na moto. Mas
faltava algo, eu não me sentia completo. Havia alguém me esperando para pegar a
garupa. Não é só a Gisele X que tem a alma castelhana, agora eu também. Assim
dei a partida na moto e fui ao seu encontro. Cheguei em sua casa bem cedinho,
peguei a benção da vó e suas recomendações, pedi a Deus que fosse conosco,
botei um sorriso no rosto enquanto aguardava ela subir na moto. Castelhana na
garupa, eu tinha certeza, agora começava a aventura. Partimos, cbzona firme,
fui me certificando se os companheiros não andavam perdidos, encontrei o Biduka
preso no trabalho, soube que o Róbito já tinha ido, imaginei que o Tonsor
também, então era minha hora também. Curtimos uma linda e segura viagem,
tranqüila mesmo sem nenhum susto. Chegamos e a recepção ainda vazia, nos
deliciamos com a grande hospitalidade de nossos amigos Jaguarenses que
separaram um churrasquinho especialmente para nós. Ali abracei o Didi e o
Macaquinho e a todos da recepção e ainda, enquanto fazia um carinho na Castelhana
chegava o Róbito com a Leane reclamando de um defeito que afetava o consumo de
sua Teneré. Enquanto ele a levava na concessionária, continuávamos ali
abraçando mais amigos que chegavam de viagem. Fomos ao Ferrujão armar minha
barraca, lá encontrei muito bem instalado o Tonsor e a Aninha que me
presentearam com uma canha de menta com pimenta de Turuçu que era uma delícia
só! Rumamos para o evento, pouco movimento ainda tinha lá, deu pra dar um
abraço no Zebrita mas nisso vamos ao acampamento e lá sim era um barulho de
moto danado. Falei com o Segóvia meu querido amigo aventureiro do deserto e
muitos outros por ali, deixamos o acampamento do rio e retornamos para a
recepção e aí sim o mundo já era outro, o sorriso e o espanto da Castelhana
cresceram, eram muitas motos. Dei aquele abraço no Serginho, abracei também o
Alemão e a Cibele e juntamos o moto grupo enquanto tomávamos nosso refri. Dali,
levei a Castelhana para almoçar e nos deparamos com o bom e velho Red´s todo
remodelado, chique que só, e saboroso como sempre. Tinha fila para entrar. Lá
ainda vi de longe a Dani e o Thiago. Depois desse almoço romântico e
aproveitarmos o ambiente fomos procurar a casa da titia da Castelhana pois ela
ficaria lá. Foi bem fácil, tinha uma castelhanada danada lá.Tiraram fotos com
minha moto deixando a cbzona com as bochechas bem vermelhas e se achando.
Depois de enchermos a titia de bjos e a deixarmos toda babada retornamos ao
evento e enquanto tirávamos umas fotos, encontramos o Airtão e o Bira que
ficaram registrados eternamente em minha lente, fica no detalhe da foto, o Bira
fazendo pose de gostosão. Ainda achamos a Erli que não resistiu a fotinho com a
Castelhana. Essa turma junta chama cerveja e cerveja um bom papo, mas isso pra
quem não pilotava, nós só no refri. Aí, toda turma já estava junta, inclusive a
Paty e o Biduka. Chegava também o Dionatam e a Kélly, enquanto isso, torcíamos
pela garota motociclista que desfilava no palco. O tempo ia passando e entre o
papo, as fotos e vários beijos na Castelhana o Motofest ia crescendo. O ronco
das motos imperava, a quantidade de amigos assustava. Saímos para um passeio
pelo evento, a Castelhana cada vez mais encantada, olhava uma moto e olhava
outra, apaixonava-se pelos triciclos. O passeio ficou maior e virou
moto-passeio. Cruzamos a vinte e sete de janeiro nos encaminhamos para a rua
Uruguai, atravessamos a ponte Mauá, chegamos ao Rio Branco fizemos o retorno
para a Coxilha, até um Camaro prata passou por lá. Os amigos eram muitos, no
acesso da ponte pela Coxilha apontei para a Castelhana que impressionada
falava:"Quanta moto junta, estamos no início da ponte e elas já estão lá
em Jaguarão!' Realmente era belo pois anoitecia e as sinaleiras juntas formavam
uma fila iluminada por toda a extensão da ponte tornando aquela imagem impressionante.
Enquanto todos se dirigiam ao evento nos despedimos do passeio e fomos tietar a
titia que me convenceu a ficar lá, levantei o acampamento e fui pro colo dela.
Jantamos com ela, fofocamos bastante e dali fomos ver o show do Arte e
Equilíbrio. Nem preciso dizer a cara da Catelhana, hahahaha! Para ela tudo era
novo, guria simples do campo, de aroma de flores, delicada, de um sorriso doce
e de um olhar encantador, foi assim que a conheci, e quando a beijei pela
primeira vez ela virou para mim e me olhou de um jeito, que era tão puro e
sincero, com aquele receio do incerto que me desconcertou completamente e
quando ainda pegou em minhas mãos e as acariciou, acho que ali me apaixonei...
Senti um frio na barriga que percorreu a espinha que não consigo explicar. Não tenho desistido desde então apesar de
nossas dificuldades. Vê-la junto a mim, impressionada com o show das motos
também não dá para descrever, mais difícil ainda é dizer como foi sair dali e
tentar encontrar os amigos de grupo e a multidão atrapalhar, nunca vi o
motofest tão cheio. Para mim essa foi a maior edição de todas, por isso,
desisti e fui ver o Wander Wildner que tornava juntamente com todos nós
cantando suas canções, um momento inacreditável e inesquecível. Nisso os guris
do grupo aparecem do nada, o Mauro me abraça junto com sua "patrícia"
e embalamos a noite com as baladas "Bebendo Vinho" ( http://www.youtube.com/watch?v=eRPG0FFZEB0 ), “Boas notícias “ ( http://www.youtube.com/watch?v=HD6LTOjDyxo)
"La cancion inesperada" ( http://www.youtube.com/watch?v=iJ4AiTZHi28 ) e a mais-mais "Eu tenho uma
camiseta escrita eu te amo" ( http://www.youtube.com/watch?v=-vbSeww9Ujg ). A noite nunca mais seria a mesma e
até nós mesmos, também não. O Tonsor, como seu maior fã, interpretava as
canções. Os olhos já pesavam e, logo após o show do Wander, fomos dormir
felizes por ter estado juntos num momento tão único e tão belo, recolhi a
bandeira, liguei a CB e fomos pro colo da titia sonhar sobre um sonho real. No
outro dia levantamos e logo após um gostoso cafezinho da tia Su partimos para a
lagoa uruguaia para nos refrescarmos e deixar o passeio ainda mais maravilhoso.
Lá não encontramos os guris e ficamos à sombra das árvores e na areia, admirando
a lagoa, assim foi até a fome bater e irmos almoçar, nisso damos de cara com o
Róbito procurando abastecimento, acho que pra ele e não para a moto, e
encontramos o restante da gurizada num camping perdido entre os eucaliptos e
ali almoçamos todos juntos. Histórias e mais histórias do Herval contamos,
enquanto nos preparávamos para ir à beira d’água. Quando chegamos, a
castilhanada esculpia um crocodilo na areia e muito nos questionávamos sobre o
que era aquilo... Eu entrei na água mas não pude ficar muito pois a castelhana
não tinha levado biquíni e acabei retornando aos seus braços, o restante mal
entrou, de assustados que são por medinho de agüinha fria. Cansados, era hora de voltar e assim arrumamos
tudo rapidinho e partimos com os calçõezinhos à mostra para secar, detalhe para
o Biduka que não dispensa andar bem equipado e preocupado com a segurança não
dispensou as suas lindas botas campeiras e sua singela corrente de cadeado.
Ainda deu tempo de falar com o Nike que ria e dizia que eu estava fazendo
contrabando de guria de seu país e que só andava de camiseta do Uruguai pra não
levar multa, respondi que levava só da boa e a camiseta era por amor. Ele se
convenceu e disse que eu tava querendo mesmo era deixar castelhaninhos perdidos
por lá e nessa alegria partimos. No Rio
Branco parei para comprar um queijinho, os guris não pararam e todos nos
perdemos depois. Ainda pude conversar com o amigo Marlo lá no Largo das
Bandeiras e conferir sua linda cb 500, recém adquirida. Desço para tirar umas
fotos no camping do rio, enquadro a ponte de fundo e quando penso que tinha me
livrado do Bira ele aparece... Que bom, ele enquadrou a foto para mim. É assim
que gosto nada combinado, tudo acontecendo. Visto tudo isto, a querência já nos
chamava e vamos buscar nossas coisas na tia Su, deixamos suas bochechas
vermelhas de tanto beijo e partimos para o Herval em meio aos seus acenos de
despedida, fui buzinando e abri meu sorriso feliz por mais uma vez levar
grandes lembranças comigo. Hoje vejo que nosso mundo não é impressionante a todos,
senão a nós mesmos, eu achava que qualquer pessoa que entrasse em nosso meio se
encantaria com tudo isso, que entenderia o que sentimos assim que déssemos a
chance, hoje vejo que isso é para poucos e por isso percorremos grandes
distâncias para nos encontrar, para assim nos tornarmos muitos. Apenas quem
nasce com o espírito estradeiro, com a ânsia de liberdade e o amor pelos amigos
e pelas motos é que está conosco. É por isso que por mais que queiramos muitas
vezes, várias pessoas não tem jeito. Quem ama simplesmente entende, quem não,
nunca vai entender. Então nos resta agradecer ao Km Final e demais moto grupos
que ajudaram nessa grande festa, a maior confraternização da fronteira, a
continuar crescendo. Torcemos muito que estejamos sempre juntos em Jaguarão em
imensa amizade. Na verdade, nós motociclistas somos mais que amigos, somos
todos, eternamente irmãos.
Vandres / Japa Galeiro – Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil.
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=6YHyD1DTAHQ
http://www.youtube.com/watch?v=w-6yZQWS6BU
http://www.youtube.com/watch?v=Mnua_PnG5t0