Eu a abandonei. Deixei-a
realmente pra trás. Desisti da culpa. Afinal de contas, ela não era minha mesmo
e o que não é meu, não levo comigo. Tentava incessantemente preparar a CB que
estava com o pedal partido. Estava cada vez mais próximo o níver dos dez e não
encontrava a maldita peça. Quando as esperanças estavam quase esgotadas o amigo
Zeca da tornearia ajudou-me na difícil tarefa do conserto do pedal. La pela
quinta-feira da semana do evento, no finzinho da tarde, a CB estava pronta para
partir. Consegui um conserto provisório até encontrar a nova peça. As previsões
é que não eram as melhores e a Simone, que sofreu bastante com infecções
respiratórias, esteve até com ameaça de pneumonia, não poderia ir de moto.
Fazer o quê, tinha que traçar um novo plano, pois se era da vontade dela estar
comigo e isso valorizo muito, não podia a deixar para trás. Talvez as viagens
fiquem mais difíceis, não importa, o que importa é o amor. O Manolo a esta
altura tinha que entrar em ação. Mas também haviam algumas manutenções a serem
realizadas e as consegui na sexta-feira. Ufa, foi por um triz, mas consegui
viabilizar a ida no 1 ºAlquimia Motofest. De carro infelizmente, mas felizmente
poderia ver meus amigos e isso também é tudo, o bem mais valioso e esplendoroso
que habita em mim. Assim passamos a mão no que íamos levar, nos jogamos no
Manolo e rumamos ao mais belo sonho. Tempo teimava em ficar feio. Ainda tinha
que fazer um pequeno desvio pois havia localizado dois pedais da CB e um se
encontrava em Pelotas. O tempo segurou até chegar lá. Peguei a peça e retornei,
agora, abaixo do mau tempo. Lavou o corsinha. Chegamos num posto e lá encontro
o Eduardo Paizinho, com ele encontro também um dos aniversariantes, o Cezinha,
e mais o Casal Tribal. Mais algumas peças garimpadas na lojinha rumamos ao
grande evento. A água rolava... Chegamos ao Espaço Alquimia e rolava também a
festa. Seu Carlito andava por lá, já havia estendido a bandeira e já fazia o
rachão do churras. Fui abraçando o Gayer, o Brucutu e vários outros, sei que
por último abracei meu grande amigo Índio. Estava muito feliz com a nossa
chegada. Ríamos, matávamos a saudade e confraternizávamos enquanto a carne
aprontava. A saladinha de frutas ia sendo preparada e a Simone maravilhada.
Havia muita fartura e tudo entregue de coração. A chuva ia e voltava e o tempo
implacável não parava. O Juan ia passando trabalho para acender o fogo dos
costelões, nós torcendo pra tudo dar certo e se engraxar depois. Admirávamos as
motos, abraçávamos mais e mais amigos. Cansados tiramos uma pestaninha no
carro, mas dava saudade mesmo era da moto. Preparamos um belo amargo e durante
o motociclismo passa o tradicionalismo. Cavalarianos trazendo até o cusco
guaipeca passavam por nós. Muito lindo. A tarde ia caindo, a Simone ia sentindo
o mau tempo e desistimos de ficar. O Eduardo tinha ido buscar a Aninha. Ao cair
da noite começamos a retornar. Caminho difícil, cerração fechada
e pouca visibilidade tivemos que agüentar, mas seguros chegamos em casa. No
outro dia toca o celular, a Aninha nos avisa que até serenata com rock nacional
um guri muito talentoso tocou por lá e nos deixou com grande água na boca pois
disse que os costelões estavam muito saborosos e ainda, que sentiram muito
nossa falta. Pena hoje foi assim, amanhã talvez não será. Cada dia uma luta,
cada noite um sonho em cada km a emoção e um grande sentimento esboçado num
imenso sorriso em busca dos amigos. Hoje pude ver os meus e deixo meus parabéns
ao Índio Max, ao Cezinha, ao Gayer, ao Brucutu, ao Sabrito, a Gladys, ao
Pertille e ao Henrique Clasen pela passagem de seus aniversários. Que venham
muitos outros para assim podermos sempre confraternizar, em harmonia, alegria e
bem estar. Feliz por tudo, levo comigo a saudade de dias assim, com amigos, com
estrada e paisagens sem fim. E continua o amor, a ânsia por liberdade e a
paixão pelas motos, pelo vento e o asfalto. Que Deus permita a nós todos
continuar também sonhando com o horizonte, enfim.
Vandres,Japa Galeiro – Unidos
pela Máquina e Galeiros Brasil.