terça-feira, 16 de abril de 2013

Moto Acampamento Desordeiro


E se eu tivesse tocado o céu o que eu faria? Pode ter certeza que contaria para você. Posso dizer que poderia ter cruzado os braços, mas meus amigos não deixaram mais uma vez. Eles estiveram como das outras vezes, envolvendo aqueles que amo e que quero bem. Tudo nasceu apenas por uma conversa entre eu, o Índio e o Nelson Goularte. Seria, apenas um pequeno churrasquinho com o grupo mais esses dois amigos e um penetra chamado Marcelo Turco Loco. Tudo se espalhou rapidamente e o que era singelo tornou-se um mundo. Dane-se, eu tava era com saudade mesmo e corri atrás daquilo que para mim é um sonho, que se realiza com nossas próprias mãos e principalmente, com o coração. Tudo isto, num grande espírito de aventura e embalado pelo som de nossas motos. Quem disse que os bons tempos não voltam mais? Só posso dizer que quem disse isto está redondamente enganado. Quando se quer realmente a gente os agarra pela crina e os faz voltarem na unha. Como eu tinha saudade de tudo isto, já se passavam 2 anos. É tudo que amo não adianta, não tenho como fugir disso. Então aceito o pedido dos amigos, pois enfim são nossos 10 anos e temos muito a comemorar. Sejam aventuras, amizades, festas, campanhas solidárias ou simplesmente dar a partida e sentir o vento no rosto. Depois de ter falado com todos os colaboradores, arregaço as mangas na sexta-feira, tornando o dia um grande movimento. Enquanto recebo as ligações e vou dando as orientações aos amigos motociclistas, vou juntando as doações. Pego o carvão com o seu Dalmo do Comercial Dutra e com o amigo Jackson Xavier. Faço a faixa de recepção dos desordeiros, dou um chego no Super Casarão para pegar 10 kg de lingüiça e pela Heloísa recebo a triste notícia que o véinho Roberto de Melo havia chegado mais cedo e como não havia me visto havia retornado ao Uruguai. Me entristeci por ter me desencontrado deles, mas quando outro castelhano, o Carlo, tava se desgarrando e consegui catá-lo, minha felicidade voltou. Assim com uma parte do carvão e a lingüiça na mão, fui correndo na tia Serli pegar os pães, sem esquecer, dos salsichões do tio Adão do Varejo Dany e do Supermercado Econômico da tia Jane. Ainda deu tempo de matar a saudade do Vagner e da Gislaine e, também, do seu Wolmer, enquanto pegava com eles o sal para o churraco. Era todo mundo atrás de mim e eu lá colocando a faixa no Posto do Luciano. Enquanto vou pegando o salsichão do Passoca, lá no Mercado JP, a Castelhana vai chegando de moto lá em casa. Abduzo ela, confiro tudo no Parque Aquático e sigo atrás do Nilo da Danceteria Arco-Íris para acertar o som, não o encontro, mas esse é faixa e nem me preocupo, pois em outro momento já estávamos acertados. Busco a última parte do carvão com o Fronteira Alimentos, pelo amigo Vinícius. Recebo a ligação que uma ovelhinha havia escapado, mas o amigo Enedir deixa tudo certo com o tio Cairo e este também nos dá sua contribuição que além da carne era uma ajuda com os kisucos na piscina. O Super Modelo da tia Vera também nos conseguiu carne e mais um carvãozinho. O tio Covinha e o Frigorífico da Gruta nos deixavam cinqüenta quilos de carne. O vereador Daniel Xavier, vinte quilos. Meu sogro, o vereador Walter Lima, entregava duas ovelhas, e como dizia o Sindiquinho: “que ovelhas hein!”, grandes que só. Por último chegava o Segóvia com o “corinho” do tio Margarido, era mais uma ovelha. O Luciano do Posto Latina nos faz uma surpresa e nos doa dois cordeiros. O Bosco e o Róbito chegavam a se ouriçar e já atiçavam o seu Rutiler. O Ruan se babava. Rodando e coletando, com o Manolo já carregado, começo a ouvir as buzinas e as aceleradas. Eram o Buck, o Índio, o Ruan, o Pupilo e o Turco chegando. O Rey tava perdido na praça e o Tonsor o resgata. Largo o carro, pego a Gisele, ponho a Castelhana na garupa e vamos colocar a faixa e acomodar a todos, por fim, rumamos para a Lancheria Central do Braiam onde fizemos uma grande festa. Lembrem-se: era apenas sexta. Foi muita bagunça, estremeceu tudo por lá. Nisso chegava o Nike com a família, era mais alegria ainda. Um jantar delicioso, repleto de amigos, eu não tocava mais o céu, estava nele. Muita risada e bons papos rolaram por lá. Cedo me recolhi, pois o trabalho forte me aguardava no outro dia. Assim pela manhã peguei mais pãezinhos na padaria Requinte com o amigo Marcelo, vou montar a recepção e vejo mais e mais amigos chegando. Enquanto o Róbito lidava com os cordeiros vou desempenhar o Índio que tava com a caranga quebrada e levo no Paulinho, nosso mecânico de confiança, que nos dá uma baita mão com esse contratempo. Compro as pilhas que o Nike queria e com ele mesmo, reboco o pobre Índio. Enquanto me acerto com o Daniel corro ainda para ajudar o Ruan e o Róbito no assado, sabia que era muita gente e no comando da fumaça só os dois. Passamos um lindo dia com muita fumaça, carne assada e alegria, até Javali apareceu por lá e comemos também, até que... Enquanto saio na moto do Turco para pegar os bandaids do Ruan, chega a notícia de um acidente, um amigo havia despedaçado sua Hayabusa numa de nossas perigosas curvas. Pego o Nike e esse é irmão, despeja tudo que estava em cima de sua picape, o que já era um abuso nosso, e vai sem nem pensar pegar o acidentado. Chegamos lá, no KM 17, sentido Arroio Grande - Herval, e graças a Deus foi só o susto. Tava em pé, lúcido com a cuequinha aparecendo. Dá nada. A Haya deu uma zebrinha mas tudo bem. Retornando, pegamos um cafezinho pedido nas casas próximas e começamos a organizar o passeio que teria como destino o Parque Aquático de Herval. Saímos na maior algazarra e deixamos a tarde hervalense mais bela, pena que quatro motociclistas tombaram na rua do pinheiro, pois esta estava em más condições devido o temporal da outra semana. Entre eles estava o Nelson que, como infelizmente não havia mais nada o que fazer, o elegi um dos motociclistas mais apaixonados por Herval, pois de tanto amor havia beijado este chão. Recuperados começamos os trabalhos no Parque e o segundo grande churrasco é iniciado. Tava até enjoando de carne quando o Ruan salva a pátria e faz um arroz com espinhaço que tava uma delícia. Eu, o Turco e o Carlo, estávamos em transe, deve ter sido a Coca-cola. Diz a Castelhana que fiz coisas obscuras, não lembro. Sei que senti uma grande vontade de pular sem roupas na piscina, mas passou. Abraço o Didi e o Jackson que tava até com cabelos... Vi coisas estranhas mesmo. A lua crescia na barraca. E passava o arroz com espinhaço, outro agarrado numa costela e não era de orelha, um com uma paleta, o outro no quarto. O Ministério da Saúde irá até me advertir por causar danos à saúde dos motociclistas com tanto colesterol. Nessa hora, praticamente, a maior parte das doações já tinham ido para os estômagos alheios... O Rock rolava... O Segóvia aumentava o volume e o guri do Róbito abaixava, minha velha agradecia, meu pai se engraxava, a Castelhana ria, a Aninha acompanhava. Eu acho que beijei o rosto do Róbito, do Carlo, do Cezinha, do Didi, do Nike, do Nelson e do Turco, mas não lembro bem só sei que no outro dia eu tava com alergia, tenho horror à barba e testosterona, apenas amo meus amigos! Acabava a noite, tomo um banho, me arrumo e coloco o colete, fico pronto, a Castelhana também, fecho os olhos e só os abri no outro dia, quando me dei conta enforquei a balada... Junto o restante da carne e levo para o último churrasco, o de despedida. Uns já partindo, outros me esperando. Assim assamos o restante e continuamos confraternizando enquanto passava o dia. Praticamente acabando, faço uso das palavras trocadas com o Índio e restauro algo muito antigo, há muito quebrado. Reúno os fiéis amigos e os preparo, com os braços abro a roda e estendo a mão a um precioso diamante trincado que ali sentadinho nos olhava. Olho em seus olhos e pergunto se gostaria de restaurar o que há muito foi quebrado e com isso, ele praticamente não acreditando, puxo o nosso querido amigo Seu Carlito novamente a nossa roda. Isso não foi o mais importante, o incrível foi isso ter servido para restaurar também a amizade entre ele e o Bira, também há muito perdida. Uns se consideram bons, outros talvez melhores, nós motociclistas, verdadeiros seres de espírito livre nos consideramos irmãos. Não importa quem tem razão ou não, o que importa é sermos irmãos e nos querermos bem, cuidando uns dos outros. Salvo casos com má intenção, pois eu soube o que houve com as barracas, por isso fica o alerta, pois isto é coisa de quem não pertence ao nosso meio e só se infiltra. Mais e mais amigos se despedem, as luzes vão se apagando, meu coração se entristecendo pela saudade. Ainda vejo o eterno guri demônio, meu querido amigo Dionatan, fazendo umas manobras radicais pelo evento, o Rey vem e me cutuca, queria acampar lá no Latina, pois “rodoviária de maluco é posto de gasolina”. Limpamos o Parque e o que era movimento, estava inerte. Dou um beijo na tia Marisa e parto, com a certeza do dever cumprido. Quando pensava estar tudo acabado tenho de voltar, pois tinha que fazer o resgate do celular do Índio. Enfim tudo passou como chegou, rápido demais.  Só me resta agradecer, então, agradeço ao Prefeito Ildo Salaberry e sua secretária Elenice Marques por terem nos cedido o Parque Aquático e nos garantido a estrutura necessária para o evento, aos funcionários Fabiano e Marisa, também a todos os envolvidos na preparação do parque; ao Departamento de Trânsito na figura do amigo Pierre; agradeço aos nossos colaboradores Nilo – Danceteria Arco-Íris, aos amigos Jackson Xavier, Margarido e Rodrigo Segóvia, ao Enedir Lackman; Vereadores Walter Lima, Daniel Xavier, João Bosco e Passoca; ao Vinícius – Fronteira Alimentos, à Jane e o Seu Tavares do Super Econômico e a tia Vera do Super Modelo, ao Vagner e a Gislaine do Comercial Pilão, ao seu Wolmer do Mercado Miranda, ao Hamilton e a Heloísa do Supermercado Casarão, ao seu Adão do Varejo Dany, ao Marcelo da Padaria Requinte, a Padaria da Serli, ao Covinha e a Gelci da Casa de Carnes Central e ao Frigorífico da Gruta, a Ferragem do Tiago, ao Seu Dalmo do Comercial Dutra e claro ao Luciano do Posto Latina pela grande recepção que nos proporcionou e a todos que de alguma forma contribuíram a esta reunião de amigos. Peço perdão, se caso, deixamos algo a desejar em algum momento, mas em nome de todos digo que tentamos ao máximo e fizemos tudo de coração através de doações do comércio local que sempre considero como uma família. Obrigado amigo Nike por sua ajuda indispensável. Obrigado meus amigos por comemorarem comigo e com o grupo e enfim, parabéns Unidos pela Máquina pelos seus 10 anos!!

                            Vandres/Japa Galeiro – Unidos pela Máquina e Galeiros Brasil.