E se eu tivesse tocado o céu o
que eu faria? Pode ter certeza que contaria para você. Posso dizer que poderia
ter cruzado os braços, mas meus amigos não deixaram mais uma vez. Eles
estiveram como das outras vezes, envolvendo aqueles que amo e que quero bem.
Tudo nasceu apenas por uma conversa entre eu, o Índio e o Nelson Goularte. Seria,
apenas um pequeno churrasquinho com o grupo mais esses dois amigos e um penetra
chamado Marcelo Turco Loco. Tudo se espalhou rapidamente e o que era singelo
tornou-se um mundo. Dane-se, eu tava era com saudade mesmo e corri atrás
daquilo que para mim é um sonho, que se realiza com nossas próprias mãos e
principalmente, com o coração. Tudo isto, num grande espírito de aventura e
embalado pelo som de nossas motos. Quem disse que os bons tempos não voltam
mais? Só posso dizer que quem disse isto está redondamente enganado. Quando se
quer realmente a gente os agarra pela crina e os faz voltarem na unha. Como eu
tinha saudade de tudo isto, já se passavam 2 anos. É tudo que amo não adianta,
não tenho como fugir disso. Então aceito o pedido dos amigos, pois enfim são
nossos 10 anos e temos muito a comemorar. Sejam aventuras, amizades, festas,
campanhas solidárias ou simplesmente dar a partida e sentir o vento no rosto. Depois
de ter falado com todos os colaboradores, arregaço as mangas na sexta-feira,
tornando o dia um grande movimento. Enquanto recebo as ligações e vou dando as orientações
aos amigos motociclistas, vou juntando as doações. Pego o carvão com o seu
Dalmo do Comercial Dutra e com o amigo Jackson Xavier. Faço a faixa de recepção
dos desordeiros, dou um chego no Super Casarão para pegar 10 kg de lingüiça e
pela Heloísa recebo a triste notícia que o véinho Roberto de Melo havia chegado
mais cedo e como não havia me visto havia retornado ao Uruguai. Me entristeci
por ter me desencontrado deles, mas quando outro castelhano, o Carlo, tava se
desgarrando e consegui catá-lo, minha felicidade voltou. Assim com uma parte do
carvão e a lingüiça na mão, fui correndo na tia Serli pegar os pães, sem
esquecer, dos salsichões do tio Adão do Varejo Dany e do Supermercado Econômico
da tia Jane. Ainda deu tempo de matar a saudade do Vagner e da Gislaine e,
também, do seu Wolmer, enquanto pegava com eles o sal para o churraco. Era todo
mundo atrás de mim e eu lá colocando a faixa no Posto do Luciano. Enquanto vou
pegando o salsichão do Passoca, lá no Mercado JP, a Castelhana vai chegando de
moto lá em casa. Abduzo ela, confiro tudo no Parque Aquático e sigo atrás do
Nilo da Danceteria Arco-Íris para acertar o som, não o encontro, mas esse é
faixa e nem me preocupo, pois em outro momento já estávamos acertados. Busco a
última parte do carvão com o Fronteira Alimentos, pelo amigo Vinícius. Recebo a
ligação que uma ovelhinha havia escapado, mas o amigo Enedir deixa tudo certo
com o tio Cairo e este também nos dá sua contribuição que além da carne era uma
ajuda com os kisucos na piscina. O Super Modelo da tia Vera também nos
conseguiu carne e mais um carvãozinho. O tio Covinha e o Frigorífico da Gruta
nos deixavam cinqüenta quilos de carne. O vereador Daniel Xavier, vinte quilos.
Meu sogro, o vereador Walter Lima, entregava duas ovelhas, e como dizia o
Sindiquinho: “que ovelhas hein!”, grandes que só. Por último chegava o Segóvia
com o “corinho” do tio Margarido, era mais uma ovelha. O Luciano do Posto
Latina nos faz uma surpresa e nos doa dois cordeiros. O Bosco e o Róbito
chegavam a se ouriçar e já atiçavam o seu Rutiler. O Ruan se babava. Rodando e
coletando, com o Manolo já carregado, começo a ouvir as buzinas e as aceleradas.
Eram o Buck, o Índio, o Ruan, o Pupilo e o Turco chegando. O Rey tava perdido
na praça e o Tonsor o resgata. Largo o carro, pego a Gisele, ponho a Castelhana
na garupa e vamos colocar a faixa e acomodar a todos, por fim, rumamos para a
Lancheria Central do Braiam onde fizemos uma grande festa. Lembrem-se: era
apenas sexta. Foi muita bagunça, estremeceu tudo por lá. Nisso chegava o Nike
com a família, era mais alegria ainda. Um jantar delicioso, repleto de amigos,
eu não tocava mais o céu, estava nele. Muita risada e bons papos rolaram por
lá. Cedo me recolhi, pois o trabalho forte me aguardava no outro dia. Assim
pela manhã peguei mais pãezinhos na padaria Requinte com o amigo Marcelo, vou
montar a recepção e vejo mais e mais amigos chegando. Enquanto o Róbito lidava
com os cordeiros vou desempenhar o Índio que tava com a caranga quebrada e levo
no Paulinho, nosso mecânico de confiança, que nos dá uma baita mão com esse contratempo.
Compro as pilhas que o Nike queria e com ele mesmo, reboco o pobre Índio.
Enquanto me acerto com o Daniel corro ainda para ajudar o Ruan e o Róbito no
assado, sabia que era muita gente e no comando da fumaça só os dois. Passamos
um lindo dia com muita fumaça, carne assada e alegria, até Javali apareceu por
lá e comemos também, até que... Enquanto saio na moto do Turco para pegar os
bandaids do Ruan, chega a notícia de um acidente, um amigo havia despedaçado
sua Hayabusa numa de nossas perigosas curvas. Pego o Nike e esse é irmão,
despeja tudo que estava em cima de sua picape, o que já era um abuso nosso, e
vai sem nem pensar pegar o acidentado. Chegamos lá, no KM 17, sentido Arroio
Grande - Herval, e graças a Deus foi só o susto. Tava em pé, lúcido com a
cuequinha aparecendo. Dá nada. A Haya deu uma zebrinha mas tudo bem. Retornando,
pegamos um cafezinho pedido nas casas próximas e começamos a organizar o
passeio que teria como destino o Parque Aquático de Herval. Saímos na maior
algazarra e deixamos a tarde hervalense mais bela, pena que quatro motociclistas
tombaram na rua do pinheiro, pois esta estava em más condições devido o
temporal da outra semana. Entre eles estava o Nelson que, como infelizmente não
havia mais nada o que fazer, o elegi um dos motociclistas mais apaixonados por
Herval, pois de tanto amor havia beijado este chão. Recuperados começamos os
trabalhos no Parque e o segundo grande churrasco é iniciado. Tava até enjoando
de carne quando o Ruan salva a pátria e faz um arroz com espinhaço que tava uma
delícia. Eu, o Turco e o Carlo, estávamos em transe, deve ter sido a Coca-cola.
Diz a Castelhana que fiz coisas obscuras, não lembro. Sei que senti uma grande
vontade de pular sem roupas na piscina, mas passou. Abraço o Didi e o Jackson
que tava até com cabelos... Vi coisas estranhas mesmo. A lua crescia na
barraca. E passava o arroz com espinhaço, outro agarrado numa costela e não era
de orelha, um com uma paleta, o outro no quarto. O Ministério da Saúde irá até
me advertir por causar danos à saúde dos motociclistas com tanto colesterol.
Nessa hora, praticamente, a maior parte das doações já tinham ido para os
estômagos alheios... O Rock rolava... O Segóvia aumentava o volume e o guri do
Róbito abaixava, minha velha agradecia, meu pai se engraxava, a Castelhana ria,
a Aninha acompanhava. Eu acho que beijei o rosto do Róbito, do Carlo, do
Cezinha, do Didi, do Nike, do Nelson e do Turco, mas não lembro bem só sei que
no outro dia eu tava com alergia, tenho horror à barba e testosterona, apenas
amo meus amigos! Acabava a noite, tomo um banho, me arrumo e coloco o colete,
fico pronto, a Castelhana também, fecho os olhos e só os abri no outro dia, quando
me dei conta enforquei a balada... Junto o restante da carne e levo para o último
churrasco, o de despedida. Uns já partindo, outros me esperando. Assim assamos
o restante e continuamos confraternizando enquanto passava o dia. Praticamente
acabando, faço uso das palavras trocadas com o Índio e restauro algo muito
antigo, há muito quebrado. Reúno os fiéis amigos e os preparo, com os braços
abro a roda e estendo a mão a um precioso diamante trincado que ali sentadinho
nos olhava. Olho em seus olhos e pergunto se gostaria de restaurar o que há
muito foi quebrado e com isso, ele praticamente não acreditando, puxo o nosso
querido amigo Seu Carlito novamente a nossa roda. Isso não foi o mais
importante, o incrível foi isso ter servido para restaurar também a amizade
entre ele e o Bira, também há muito perdida. Uns se consideram bons, outros
talvez melhores, nós motociclistas, verdadeiros seres de espírito livre nos
consideramos irmãos. Não importa quem tem razão ou não, o que importa é sermos
irmãos e nos querermos bem, cuidando uns dos outros. Salvo casos com má
intenção, pois eu soube o que houve com as barracas, por isso fica o alerta,
pois isto é coisa de quem não pertence ao nosso meio e só se infiltra. Mais e
mais amigos se despedem, as luzes vão se apagando, meu coração se entristecendo
pela saudade. Ainda vejo o eterno guri demônio, meu querido amigo Dionatan,
fazendo umas manobras radicais pelo evento, o Rey vem e me cutuca, queria acampar
lá no Latina, pois “rodoviária de maluco é posto de gasolina”. Limpamos o
Parque e o que era movimento, estava inerte. Dou um beijo na tia Marisa e
parto, com a certeza do dever cumprido. Quando pensava estar tudo acabado tenho
de voltar, pois tinha que fazer o resgate do celular do Índio. Enfim tudo
passou como chegou, rápido demais. Só me
resta agradecer, então, agradeço ao Prefeito Ildo Salaberry e sua secretária
Elenice Marques por terem nos cedido o Parque Aquático e nos garantido a
estrutura necessária para o evento, aos funcionários Fabiano e Marisa, também a
todos os envolvidos na preparação do parque; ao Departamento de Trânsito na
figura do amigo Pierre; agradeço aos nossos colaboradores Nilo – Danceteria
Arco-Íris, aos amigos Jackson Xavier, Margarido e Rodrigo Segóvia, ao Enedir
Lackman; Vereadores Walter Lima, Daniel Xavier, João Bosco e Passoca; ao
Vinícius – Fronteira Alimentos, à Jane e o Seu Tavares do Super Econômico e a
tia Vera do Super Modelo, ao Vagner e a Gislaine do Comercial Pilão, ao seu
Wolmer do Mercado Miranda, ao Hamilton e a Heloísa do Supermercado Casarão, ao
seu Adão do Varejo Dany, ao Marcelo da Padaria Requinte, a Padaria da Serli, ao
Covinha e a Gelci da Casa de Carnes Central e ao Frigorífico da Gruta, a
Ferragem do Tiago, ao Seu Dalmo do Comercial Dutra e claro ao Luciano do Posto
Latina pela grande recepção que nos proporcionou e a todos que de alguma forma
contribuíram a esta reunião de amigos. Peço perdão, se caso, deixamos algo a
desejar em algum momento, mas em nome de todos digo que tentamos ao máximo e
fizemos tudo de coração através de doações do comércio local que sempre
considero como uma família. Obrigado amigo Nike por sua ajuda indispensável.
Obrigado meus amigos por comemorarem comigo e com o grupo e enfim, parabéns
Unidos pela Máquina pelos seus 10 anos!!