Que os ventos levem a saudade da
estrada e que eu rode junto dos amigos e acompanhado de meu bem. Uma longa semana de trabalho, uma boa
revisada na motoca, o plano já traçado. Carlitão, acredito que teve um
compromisso de família e não pôde ir, como eu já estava acertado com o Eduardo
simplesmente foi a hora de partir! Sabadão, sete e pouco da matina iniciamos a
aventura. A Falcon ia exuberante apesar de toda carga que coloquei em cima,
parecia que ia sozinha; nas curvas ia grudadinha. Demos aquela passadinha na
Terrasul pra talvez encontrar o pessoal de Jaguarão mas já haviam saído.
Rumamos para a aduana. Permisso tirado, iniciamos na tradicional rota para
Melo, mas são só dois ou três quilômetros e a rota muda, aí nos direcionamos
para trinta e três. As paisagens são muitos semelhantes a da outra rota, o que
chama a atenção é a quantidade de vilarejos, cidades. Rincón e Vergara são as
que me lembro, outra coisa que chama muito a atenção é o respeito a quem anda
de moto. No Uruguai somos vistos como algo tipo uns heróis, sim isto mesmo,
todo mundo acena, cumprimenta e recebe bem a quem vem ou passa de moto. Bom, em
alguns comentários tínhamos a informação de que seriam uns 80kms até Charqueada
a partir de Jaguarão e talvez uns 5 ou no máximo uns 7kms de terra. Andamos os
oitenta e depois de uns dois o três trevos chegamos a uma encruzilhada e uma
placa tortinha indicada mais 39 de terra, confirmei com o pessoal por ali e era
isto mesmo... Eu e o Eduardo nos olhamos, pois ele tava de ninjinha, eu não me
preocupei muito, pois a Monalisa dava conta mas esportiva é esportiva né, mesmo
assim o Edu decidiu continuar, não dava mesmo pra pensar em voltar. Muita
diversão, pó, suspensão estourada e paradas engraçadas depois, avistamos a
Charqueada. Imagine um lugar lindo, uma cidadezinha no estilo praiana a beira
de um rio, com cais, veleiros e até uma balsa que trabalhava pra dedéu!! Um
camping maravilhoso, cheio de churrasqueiras, bancos e muitos banheiros para
uso dos visitantes. Simplesmente lindo!! Melhor ainda rodeado de motos. Lá
encontrei o Seu Vitório, o Mira, o Patrício e sua turma, o Nike e o tio do
câmbio, o Richard Pelado e claro os amigos Gorriones e seu mais ilustre
integrante o Carlito que atenciosamente nos convidou e recebeu em seu evento. Passeando
por lá nos maravilhamos com a paisagem, com as áreas de lazer, prédios
históricos, santuário e natureza local. Bateu aquela fome e nos atiramos nos
“chorizos al pan” e nas tortas fritas que estavam deliciosas até a foto oficial
delas teve. O DJ que tocava era de bueníssimo gosto. Motos e mais motos
chegavam, a balsa trabalhava e nós já curtíamos as brincadeiras
motociclísticas, algo raro nos eventos hoje em dia. Depois de nos divertirmos
muito bateu aquele cansaço, nos sentamos um pouco e ficamos só admirando o
evento e o movimento das motos e também ouvindo as muitas histórias do amigo
Tonsor. O Eduardo já havia me falado que ia voltar no mesmo dia eu até ia ficar
mas bateu aquele sexto sentido e decidi voltar junto, pois decidi ficar em
Jaguarão. A Monalisa acho que tinha gostado do evento e não tava querendo
partir pois levou uma meia hora pra se conseguir dar a partida no motor,
acreditamos ter sido uma certa gasolina batizada de posto de beira de
estrada... Mas enfim pegou e conseguimos seguir caminho, ainda abasteci por lá
pra melhorar o combustível e fizemos uma tranquila e fria viagem até Jaguarão
onde nos despedimos do Eduardo e ficamos na casa da Dinda. Permisso entregue,
já acomodados em casa, foi a hora de encontrar novos problemas, dessa vez o
parafuso que prendia o escape se soltou e ficou preso somente pela braçadeira.
Foi a sorte de termos voltado pois se viéssemos no outro dia não realizaríamos
parada e não verificaria este contratempo. Tive dois anjos por lá o amigo Marcelo
o mesmo que me indicou esta moto e o primo Jairo que sempre atencioso e
parceiro me deu uma baita mão com a moto. Era a mulherada vendo novela e eu
fazendo mecânica na sala. No outro dia, com a moto certinha e desta vez sem
problema na partida, seguimos viagem pra poder passar o dia das mães com minha
velha, então eu e a Simone saímos cedinho pra pegar a churrascada do véio
Espoleta. São momentos assim que dignificam nossa vida, que nos deixam mais
leves e nos fazem sentir mais vivos. Pode ter frio, estrada ruim, kms a mais,
isso não importa o que importa realmente é poder se aventurar para encontrar
amigos tão queridos como os Gorriones, um cara fora de série como o Carlito e
uma localidade tão bela como Charqueada. A estes amigos deixo meus parabéns e
espero um dia voltar lá, com mais calma ainda, para poder confraternizar por
mais tempo. Um grande abraço hermanos e nos vemos por la ruta!!
Vandres/Japa Galeiro – Unidos pela
Máquina e Galeiros Brasil.