E vivemos a liberdade entre nossos
sonhos e nossos amores. Respiramos mais fundo por tudo aquilo que nos faz
vibrar de verdade, que nos deixa quentes, ferventes, com falta de ar. Num mundo
em que a ganância e o egoísmo limitam, as duas rodas libertam e fazem com que
tudo seja muito mais do que um simples amanhã. No mundo muitas vezes as pessoas
enxergam só aquilo que querem enxergar e não falam nada além da própria burrice
de suas escolhas. Eu, de tudo aquilo que sofri, do que não sofro mais e da
felicidade que deram para mim. Hoje derrubei essa felicidade da cama e ela
atende pelo lindo nome de Simone. É bem recente. Desde nossa adolescência vinte
anos nos separaram e nos encheram de muitas histórias para contar. Enquanto
abria seus olhos me entregava um dos mais belos sorrisos que já vi, tão lindo,
que nem me importei com o clima lá fora ou tão pouco com as péssimas previsões
de tempo. O clima estava ruim? Ele atravessaria o fim de semana? Que importa.
Meu coração fervia. Tudo já começava a dar certo quando partimos e já no posto
do amigo Luciano encontramos o Eduardo Tonsor com a Aninha. Pegamos só uma
pancadinha de chuva passando por Arroio Grande mas depois foi só festa até a
pinça traseira de minha CB travar. Uma horinha perdida, pinça destravada agora
era hora de continuar, tinha até ficado chateado com isso mas o amigo Tonsor me
consola com outro fato que aconteceu bem perto dali: “Jovem tu achas que estás
mal? Mal estão aqueles dois que desceram do ônibus e o motorista esqueceu de
lhe entregar as bagagens”. Aí entendi que não devemos reclamar da sorte que Deus
nos dá pois as vezes pode piorar. Apesar de ter partido com um freio só fizemos
uma tranqüila viagem. Chegamos, pegamos a tradicional fotinho da entrada da cidade, abraçamos os amigos,
fincamos o acampamento – que este ano estava maravilhoso, foi um dos melhores
ginásios que já passei – e fomos almoçar num restaurante que ficava na praça
central de Melo. Era mágico, realmente estava impressionado com a beleza daquele
lugar e com nossa refeição que estava deliciosa. As patrícias não podiam
faltar. Muitas e lindas imagens registramos por lá. Depois de passearmos pela
cidade nos dirigimos ao evento que estava fenomenal. Inúmeras motos de todos
lugares uma infinidade de amigos em nossas mãos. Não posso deixar de citar
alguns amigos que há muito não via como o Tigre Loco e a Tigresa ou ainda o El
Tatá o motociclista mais velho do Uruguai em atividade atualmente, não me
recordo com precisão de sua idade mas beira os cem anos e não enjoa de moto. É
meu pai, tu que pensas que eu vou enjoar de moto tas ferrado hein... Caminhamos
pelo evento e o amor crescia e a felicidade, também. Em seu rosto a alegria de
quem parecia sempre ter pertencido a esta vida. Estava linda a cada sorriso que
despejava enquanto seus olhos miravam a mim. Por isso abri também meu sorriso e
com um beijo retribui tudo de bom que ela tem me proporcionado, aceitando meus
defeitos e estando ao meu lado justamente num mal momento que passava mas assim
bem longe num distante passado. Não sei até onde vai mas agora tem sido tudo. Intenso. Esta é a palavra. Como o som do show
de fritadas de carro do Teatro de Verão. Show de carros? Esse meu amigo Nike
sempre inovando... Tava ótimo, tanto o show assim como as enormes tortas fritas
castelhanas. A noite se aproxima, voltamos ao ginásio e termino o conserto do
freio da CB. Tomo um banho e logo após, eu e a Si saímos num passeio em direção
ao evento. Infindáveis motos, inúmeras pessoas e nós dois ali devorando nossos
saborosos choripans. Entre tanta gente curtíamos o rock que rolava no palco
montado ao ar livre em meio às motos. Ficamos até os corpos não agüentarem mais
e quando fomos dormir já havíamos sonhado por aquela noite. Era muito mais do
que um simples encontro era algo a mais que se cumpria ali, o amor e a amizade.
A previsão se cumpria no outro dia e a chuva veio para lavar nossas almas e
mostrar que não somos feitos de açúcar. Apesar de não ter levado roupa de chuva
não tive medo e tão pouco a Si, sendo assim, com o Biduka e o Tonsor
retornamos. Numas quebradas de Melo perdemos o Tonsor então continuamos os
dois. A chuva torrencial não tirava a beleza da viagem, pelo contrário
emoldurava as belíssimas passagens dos companheiros motociclistas que também
faziam seus retornos. Enquanto a água batia, eu ria, contente com o grupo de
Harleys que por nós passava, era a velha imagem, diferente. Entregue o permisso
ainda esperamos pra ver se o Tonsor aparecia. Nada, então prosseguimos e vamos
abastecer quando damos de cara com o Tonsor com a boca cheia de cachorro quente
na loja de conveniências dali e a danada da Aninha, também. Chegamos molhados
mas gratos a Deus por tudo. Deixamos nossos parabéns ao Nike e a todos amigos
dos Motomaníacos. Deixamos nosso apertado abraço aos nossos irmãos uruguiaios.
Agradecemos os votos de boa viagem e só pedimos que não nos dêem adeus porque
os levamos conosco sempre em nossos corações e sempre carregamos junto a
saudade e a vontade de voltar.
Vandres/Japa Galeiro – Unidos
pela Máquina e Galeiros Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário